Produtores insistem na formalização do ‘caporroto’
PRODUÇÃO ARTESAL. Fabricantes consideram falsa a ideia de que a bebida tem “provocado a morte” de várias pessoas e desafiam as autoridades a informarem-se melhor no sentido de colmatar as fragilidades e explorarem os pontos fortes do negócio.
Fabricantes da bebida destilada de produção artesanal ‘caporroto’, também conhecida como ‘capuca’, apelam ao Governo para a inserção do produto no processo formal. Para os produtores, que também operam como comerciantes, há uma tendência maior para a procura da bebida, apesar do “combate intensificado” das autoridades às casas de fabrico.
Os fabricantes apontam Luanda como a província mais avessa ao consumo da bebida, ao contrário de outras localidades do país onde o produto é bem aceite.
Ao VALOR, Miguel Afonso, 72 anos, fabricante de ‘caporroto’ desde os anos 80, e que fabrica o produto no Sambizanga, conta que as autoridades de Luanda encerraram, em 2013, dois dos três estabelecimentos de produção e venda. Para o comerciante, ao invés de as administrações locais combaterem os produtores, com a justificativa de que a bebida tem “provocado a morte” de várias pessoas, deviam organizar os produtores, formalizando-os e estabelecendo “modelo de venda”.
“É falso que o caporroto, em si, mata. Boa parte dos consumidores não morre por excesso de álcool irregular, mas por falta de alimentação. Isso pode ocorrer com qualquer pessoa que faça uso de cerveja ou uísque sem comer”, defende Miguel Afonso.
À semelhança de Miguel Afonso, António Fernandes, com mais de 20 anos como produtor, acredita que a produção e a venda da capuca também podem servir de fonte de receita para o Estado. O produtor sublinha ser um “equívoco pensar que a capuca seja apenas consumida por gente pobre ou analfabeta” e indica, como exemplo, o estabelecimento que detinha em 2015, no Golf 2, em que recebia pedidos de médicos, políticos e outros.
Para a produção do caporroto, os fabricantes utilizam água, fermento e açúcar. No processo de fabricação, a composição destes ingredientes, realizada em tambores de metal de entre 100 e 200 litros, é conservada com forro na parte superior durante 12 dias. Depois desse período, o tambor é conduzido ao fogo para cozer a bebida.
À semelhança do que ocorre noutros sectores, os operadores queixam-se do aumento dos preços dos ingredientes. Como exemplo, o saco de açúcar, que há cinco anos custava sete mil kwanzas, passou a custar entre 15 mil e 16 mil kwanzas, representando uma subida de mais de 100%.
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