‘Projovem’ criticam falta de transparência
CRÉDITO. Jovens desconfiam de alegada existência de empresas de assessoria que aplicam a “velha história dos 10%”. Presidente do BDA esclarece que recepção das candidaturas não garante, à partida, o crédito. Projectos são avaliados.
Alguns candidatos à linha de crédito do ‘Projovem’ duvidam dos dados oficias que indicam que, até Julho, o programa beneficiou um total de 116 projectos em vários sectores, com o comércio no topo da lista dos beneficiários.
Sem ‘darem o rosto’, vários candidatos ao programa declararam, ao VALOR, que continuam na expectativa de verem os seus projectos aprovados, argumentando que“uma coisa é a aprovação, outra é receber o dinheiro”.
Segundo os candidatos (mais de uma dezena que falaram a este jornal), os seus projectos foram remetidos há mais de três meses, mas, até ao momento, não receberam qualquer sinal no sentido de receberem o crédito. Um dos raros jovens que aceitou identificar-se é Lucas Oliveira, proprietário de um Restaurante Bar, que questiona os critérios.
O jovem, que garante ter entregado toda a documentação exigida pelo BCI, entende que o processo de validação dos projectos “não é transparente” e desconfia haver muitas empresas intermediárias de assessoria e auditoria criadas apenas para beneficiarem da “velha história dos 10%”.
Os jovens denunciam também a mudança de jogo, ‘ao meio da partida’. Inicialmente, como indicam, falava-se num tecto máximo de 40 milhões de kwanzas para um projecto. Agora, os remetentes estão a ser aconselhados a desenhar projectos de apenas até 10 milhões, com outras exigências: direito de superfície, planta de obra, contabilidade organizada, documentos de arrecadação de receitas, imposto em dia e não ter crédito, para aqueles que já funcionam como empresa, plano de negócio, garantia ou avalista e ainda formação de gestão no INAPEM.
Rosa Martins, 32 anos, proprietária de uma hambugaria, entende que os requisitos “afugentam” quem quer começar um negócio.
OS INTERVENIENTES
A linha de crédito, que tem como operadores entidades ligadas ao Conselho Nacional da Juventude, Instituto Nacional da Juventude e o Instituto Nacional de Apoio às Micro Pequenas e Médias Empresas, tem como sectores prioritários para financiar a hotelaria e turismo, a indústria, a agricultura, a pecuária e a prestação de serviços. As pescas, as tecnologias de informação e a comunicação, o comércio e o empreendedorismo cultural fazem parte do pacote.
Num recente balanço, o presidente do conselho de administração do Instituto Nacional de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (INAPEM), António Assis, realçou que “a apresentação de muitos e bons projectos é louvável”, mas não deixou de apontar um senão. “Infelizmente, estivemos habituados a fazer as coisas longe da perfeição, agora, confrontados com um programa bem estruturado e organizado, existem algumas interrogações e inquietações.”
Em declarações ao VALOR, Manuel Neto da Costa, presidente do conselho da administração do BDA, confirmou, por suz vez, a “grande adesão” ao programa por parte dos jovens com iniciativas empreendedoras, mas esclareceu que as candidaturas são avaliadas, não sendo por isso garantia de aprovação dos créditos.
Segundo o regulamento do programa, as taxas de juros exigidas são variáveis consoante o sector de actividade. Para a agricultura, pecuária e pescas 7,12%; para a indústria 8,27%; o comércio e prestação de serviço 9,43%. O período para o reembolso é de 60 meses.
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