“Quando não há concorrência, relaxamos”
MÚSICA. Confessa que vive apenas do seu trabalho ligado à música. E prepara, para Dezembro, o lançamento do oitavo álbum e o concerto das mil vozes do gospel.
Com o novo álbum e o concerto, terá um Dezembro recheado?
Sim. Vou lançar o oitavo álbum, um duplo CD e DVD, intitulado ‘Tua Presença’, a 2 de Dezembro, na Praça da Independência. E o grande concerto das mil vozes a 10 de Dezembro, na Arena do Kilamba, em Luanda. São louvores com uma vertente pedagógica. Todas os que cantarem neste evento têm uma formação, por meio de um curso, porque tenho uma sonoridade a defender.
Qual é o objectivo do curso?
Além da formação artística, pretendo angariar fundos para o grande concerto nacional de gospel ‘Guy Destino e mil vozes masculinas’. Está a ser dirigido para todos os amantes da música científica. Vou leccionar técnicas de canto, harmonia e técnicas de regência. O desejo é fazer o curso intensivo de música em todo o país. O concerto vai dar enfase aos novos talentos. As inscrições ainda estão abertas para todos os artistas, para o concerto.
É a sua área de formação?
Sim! O director musical é uma pessoa muito completa. Deve entender de harmonia e ter técnica de canto. Quem gosta de aprender, mesmo que não seja director técnico, pode vir a estes cursos aprender.
Qual é a duração dos cursos?
O meu desejo é que cada curso tenha duração de 20/25 horas. Durante o dia, podemos ter cinco a sete horas de formação, com módulos iniciais a custarem entre 10 mil e 15 mil kwanzas.
Já sabe quanto vai vender o CD?
Estou a pensar, porque não fazemos esse trabalho para ganhar. Porque, se fosse para dar o preço real, passaria dos quatro mil kwanzas, tendo em conta a desvalorização do kwanza e o valor investido. Temos lucros quando Deus nos abençoa.
Como vê o gospel?
Está a vir com muita carga. Os mais novos estão a vir teologicamente preparados e também na arte musical estão bem. E isso é bom, porque, quando não há concorrência, relaxamos. Uma coisa que mantém a nossa carreira viva é fazer sempre bem o nosso trabalho e com consistência.
Receia ‘bater na rocha’?
Devo continuar, haja o que houver, aconteça o que acontecer, não me vou prostituir em fazer uma coisa que não é minha, porque estou a ‘bater numa rocha’. Aliás, isso de ‘bater na rocha’ tem muito que se lhe diga. É algo que se deve encarar mais como desafio. Cada um tem uma unção diferente, mas todos com o mesmo denominador comum.
A música gospel tem sido usada em óbitos. Incomoda-o?
Já cantei em parlamento, em casas de deputados, na presidência, em discotecas e muitos outros sítios. A música gospel tem mais poder do que outra qualquer. Toca na festa, cemitério, discoteca, casamento, rua, já os outros estilos não!
Como avalia os sete álbuns já lançados?
Gosto muito da ‘Intimidade com Deus’, porque neste apliquei o meu lado científico, tive mensagens mais maduras. As pessoas gostam mais dos anteriores ‘Kumbaya vol. II’. No ‘Tua Presença’, preparei-me em termos teológicos e a mensagem foi muito mais forte e com mais inspiração. Já mostrei ao mundo as minhas capacidades, não importa se vai tocar em óbitos, o importante é que vou deixar um legado.
Vê imediatismo no gospel?
Acredito que aconteça, mas a minha experiência diz que quem vem ao gospel para ganhar dinheiro tem os dias contados. A Bíblia aconselha-nos a buscar o reino de Deus e a sua justiça, o resto é-nos acrescentado. Mas, quando vamos para ganhar dinheiro, somos muito facilmente confundidos.
A relação entre os cantores de gospel anda bem?
Lido bem com todos os colegas. Sei que não é fácil a decisão de ir a determinados sítios, mas, se o objectivo principal, por exemplo, nos concertos das multidões, é ganhar almas para Deus, então é isso que Deus quer para nós. Se o nosso objectivo é simplesmente enriquecer os nossos bolsos, sejamos nós quem formos, seremos confundidos. Isso quem diz é a bíblia, não sou eu. Todos temos uma meta e é nisso que nos devemos focar.
Gospel é cantar sobre Deus?
Não é só o cantor gospel que faz gospel. Gospel é evangelho. A bíblia diz que Deus usa quem Ele quer e quando Ele quer. Tudo o que vem para salvar a alma é considerado evangelho. Não sou contra as pessoas que põem gospel dentro do CD normal.
Vive da música?
Sim! Não só música cantada, mas também sou director coral, produtor musical, professor, cantor e intérprete. Mas a parte que mais tenho gostado e que dá também algum dinheiro é a parte de produção musical, como director musical e coral.
Se lhe tirassem a música?
Morreria (risos)! Estou a terminar a segunda licenciatura em teologia, mas, sem música, meu mundo fica vazio.
PERFIL
Nome: Destino Deves
Idade: 43 anos
Naturalidade: Zaire
Estado civil: Casado, dois filhos
Defeito: perfeccionista
Artista: Dodó Miranda e Dom Mccartneya
País que deseja conhecer; China e Estados Unidos
Equipa de futebol: Petro de Luanda e Real Madrid Bebida: Água
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...