ANGOLA GROWING
FALTA DE MATÉRIA-PRIMA ‘AQUECE’ O SECTOR

Quatro mil trabalhadores podem perder emprego na avicultura

PRODUÇÃO NACIONAL. Sector avícola produz apenas 30% da sua capacidade, enquanto o país gasta cerca de 200 milhões de dólares/ano para a importação de ovos.

Avicultores

Pelo menos, quatro mil funcionários do sector avícola correm o risco de perde os postos de trabalho, segundo cálculos da vice-presidente da Associação Nacional dos Avicultores de Angola (ANAVI), Maria José.

A responsável fez essas declarações, na semana passada, durante um encontro, realizado em Luanda, entre empresários e membros do Governo, nomeadamente os ministros da Agricultura e Florestas, Pescas e do Mar, da Indústria, e da Economia e Planeamento.

Maria José defendeu que a crise do desemprego no sector avícola está a ser motivada pelas dificuldades que as empresas têm em importar matérias-primas inerentes à criação de galinhas e pintos, bem como para a produção de ovos. Apesar da capacidade instalada, continuou a responsável da ANAVI, vários aviários encontram-se paralisados. Aliás, o sector encontra-se a produzir apenas 30% da sua capacidade.

Os impasses na importação das matérias-primas estão relacionados com a escassez de divisas que devasta, desde 2014, a economia nacional. O Banco Nacional de Angola tem estado a fazer gestão apertadas das moedas estrangeiras (dólares e euros), no entanto, a vice-presidente da ANAVI lamenta que, nos poucos casos que conseguem divisas, recebem orientação para o cancelamento da operação de importação.

“O melhor método para nós seriam as alocações de divisas para vendas directas. Mas, muitas vezes, a operação está em curso e o banco manda o comunicado a dizer que retirou e temos de parar a operação”, lamenta, acrescentando que, por conta desses impasses, em Dezembro, o país se arrisca a enfrentar a escassez de ovos por da baixa de produção.

“A maior parte de produtores não repovoou os aviários por falta de matérias-primas. Se não tivemos matéria-prima para fazer ração, não podemos ter pintos. Já no ano passado, houve um problema semelhante”, alertou a empresária. “Naquela altura, o Ministério da Agricultura deu prioridade a alguns produtores para importar alguns ovos para a quadra festiva, mas tivemos um grande problema, porque não sabemos como, mas entram ovos em quantidades que não estavam programadas pelo Ministério da Agricultura”, criticou.

Maria José afirmou que o Estado gasta anualmente mais de 180 milhões de dólares com importação de ovos, valor que, entende, deveria ser aplicado em matérias-primas. Em Maio, foi realizado o censo que ilustra o ponto de situação do sector. O documento, segundo Maria José, está na posse do Ministério da Agricultura e Florestas.