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Que sector mais sofre com a pandemia?

24 Jun. 2020 Valor Económico Gestão
Que sector mais sofre com a pandemia?

PERDAS. Se há companhias como a Amazon e o Zoom que beneficiaram claramente com o confinamento devido ao Covid19, a maior parte dos sectores económicos estão a viver a pior crise económica da sua história. Conheça os mais sofridos.

Todos os sectores que dependem de aglomerações

As companhias de aeronáutica, as de aviação e as de produção como a Boing e a Airbus, são o exemplo paradigmático e a recessão no sector pode ter efeitos sem fim à vista porque o número de clientes vai sempre depender de um nível de confiança, que foi arrasado pela pandemia. Abril registou perto de 280 mil voos, um decréscimo de mais de 60% face ao ano anterior que viu voar mais de 733 mil aviões. Nos EUA o tráfego aéreo diminuiu 80%, e a IATA, que representa 290 companhias de aviação de todo o mundo, estima perdas de 314 mil milhões de USD no sector.

Restauração, turismo, comércio

Com mais de 90 países em confinamento obrigatório, metade do mundo em casa, restauração, comércio e o turismo que poderá gerar 100 milhões de desempregados e 450 mil milhões de USD perdidos, são os sofredores óbvios da pandemia. Mas com eles sofrem todas as cadeias de produção que os alimentam. A Coca-cola, que tinha aumentado os ganhos até fevereiro, viu desaparecer 25% do volume de vendas entre Março e Abril. Apesar de algumas flutuações com mercados mais sólidos a fazerem stockagem, já se prepara para mais instabilidade à medida que a pandemia causou interrupções de fornecimento e diferentes perturbações à sua cadeia de fornecedores e de escoamento.

Os grandes industriais

O sector industrial tem sofrido com a queda acentuada na procura e, a montante, com a queda do fornecimento. A nova realidade pandémica não contemplou fábricas em que os trabalhadores estão próximos e o novo distanciamento social imposto pelas normas de saúde obriga a alterações profundas em linhas de produção física concebidas sem estas preocupações. E alterações desta ordem são muito onerosas sendo que implicam períodos de espera por novas soluções tecnológicas e outro tanto de adaptação. A titulo de exemplo as perdas da indústria automóvel americana e europeia estimam-se nos 15 mil milhões de USD.

Petróleo e gás

A demanda caiu a pique, com metade da humanidade em casa a transportação e consumo diminuíram mais, e, numa altura em que a OPEP já impunha cortes para tentar subir o preço do barril que rondava os 70 USD, o Covid19 entrou em cena. Em Maio o barril chegou a custar mais do que o petróleo que transportava e o outrora ouro negro atingiu preços negativos. Mesmo gigantes como a Saudi Aramco ou a Shell continuam a sofrer com o Brent a rondar os 40 USD, 40% menos do que tocava em Janeiro. Muitos pequenos produtores faliram, as 12 maiores companhias perderam 53,5 mil milhões de USD e algumas estimativas apontam para 2020 registar perdas de mais de um bilião de USD no sector.

Banca e finanças

Bancos, seguradoras e gestoras de finanças afins todas sofrem com a abrupta retracção do consumo e com o sentimento pessimista generalizado devido à perda de emprego global, à severa recessão económica e ao crédito mal-parado que se antecipa gigante até ao fim deste ano. Mesmo monstros da banca mundial como o JPMorgan e o Bank of America já registam perdas de um quarto do seu valor e ainda vamos a meio do ano. E o terror não é menor nos principais mercados financeiros que em Março chegaram perto dos níveis de hecatombe registados em 2008 com 26 biliões de dólares a desaparecerem num piscar de olhos. O pior foi evitado com estímulo económico de dois biliões de USD aprovados pelo senado para acudir a economia norte-americana e pela mesma tendência de investimento forte concertada com os bancos centrais inglês e europeu.