EM CAUSA MANUTENÇÃO DO CAMPO DÁLIA

Queda nas exportações ?de crude em Outubro

PETRÓLEO. Última vez em que Angola carregou, num mês, menos de ?47,3 milhões de barris, a quantidade prevista para Outubro, foi em Junho ?de 2011, altura em que petroleiros carregaram 47,1 milhões de barris.

A manutenção técnica programada para o mês de Outubro, a ser realizada no campo petrolífero de Dália, vai provocar a maior queda nas exportações de crude desde 2011.

O programa final de carregamentos de petroleiros, publicado pela agência financeira Bloomberg, dá conta de que Angola vai efectuar 47 carregamentos em Outubro, totalizando 47,3 milhões de barris o mês todo, nos quais não contém nenhum proveniente do Campo Dália. O último carregamento inferior a esse foi registado em Junho de 2011, quando o país exportou 200 mil barris a menos.

Oficiais dos petroleiros afirmaram que a ausência de ‘Dália’ se deve à manutenção que se vai registar naquele campo operado pela petrolífera francesa Total E&P Angola, segundo a Bloomberg.

A Total não respondeu a pedidos para comentar este artigo. No entanto, a Sonangol, concessionária nacional, fê-lo, afirmando tratar-se de “paragem de produção”.

“Informamos que, para o referido campo, se prevê uma paragem de produção para manutenção, em Outubro próximo”, disse a empresa, através do Gabinete de Comunicação Institucional em resposta a perguntas feitas por email. “A aludida interrupção é planificada, pelo que estão salvaguardados todos os aspectos técnicos e implicações decorrentes da mesma”, explica a companhia, sem avançar, entretanto, o período de duração dos trabalhos.

A baixa de exportações vem, no entanto, num momento de baixos preços do petróleo, o que, segundo observadores, não é uma boa notícia para Angola, já que o Executivo anda a braços com dificuldades de financiar o Orçamento Geral de Estado.

As receitas fiscais financiam já menos de metade dos 6,9 biliões (triliões na nomenclatura oficial) de kwanzas do OGE revisto que vai ser aprovado na próxima semana pelos deputados. Cerca de 50% do OGE é financiado com recursos ao endividamento interno e externo.

A produção actual está à volta de 1,7 milhões de barris por dia, com o país a ter dificuldades de concretizar um ‘sonho antigo’ de atingir os dois milhões diários. A idade de alguns campos implica manutenções mais regulares, á medida que o tempo útil de vida se vai aproximando ao fim. E os baixos preços do crude, no mercado internacional, reduziram o apetite para investimentos em novos campos.

Recentemente, a Sonangol desistiu de adquirir os 40% de participações da Cobalt no Bloco 21/09, devido essencialmente às incertezas do mercado. A própria Cobalt, envolta em dívidas avultadas, reporta-se que não possui capital para desenvolver por si mesma o referido campo.

CAMPO DÁLIA

O ‘Dália’ foi descoberto em 1997, mas a produção efectiva só arrancou em 2006. Está localizado no Bloco 17 em águas profundas a uma distância de aproximadamente 135 quilómetros da costa marítima. O crude está alojado entre mil e 1.500 metros de profundidade, sendo que o campo tem uma produção aproximada de 240 mil barris diários. Na altura da descoberta, estimava-se que o campo possuía “reservas recuperáveis” de mil milhões de barris.

A Total E&P Angola, operadora do Bloco, detém uma participação de 40% e outros os accionistas incluem a Esso Exploration Angola Limited (20%), BP Exploration (Angola) Limited 16,67%, Statoil Angola (13,33%) e Nork Hydro (10%).