BRAJESH PRASAD, VICE-PRESIDENTE DA AICA

“Quis fazer um hotel de quatro estrelas, ficámos três anos à espera da licença, desistimos em 2020 e o dinheiro voltou’’

Com negócios na área da saúde, aponta a falta de laboratório para testar os medicamentos que entram no país como uma preocupação. Revela os principais constrangimentos que os empresários têm enfrentado, face à dificuldade de envio de divisas para o exterior, e conta como desistiu de investir num hotel de quatro estrelas por falta de licença   

“Quis fazer um hotel de quatro estrelas, ficámos três anos à espera da licença, desistimos em 2020 e o dinheiro voltou’’

Que objectivos motivaram a criação da Associação da Comunidade Indiana em Angola (AICA)?

A nossa associação foi criada em 2021, mas já fazíamos trabalhos. Apoiávamos orfanatos e escolas. Fizemos muitas consultas médicas gratuitas, como de oftalmologia, e muitas ofertas de medicamentos. Depois pensámos: “Se esta é a nossa missão, por que não fazer uma coisa mais complexa que pudesse dar melhores resultados?”. Para dar bons resultados, teríamos de apostar em áreas em que temos mais conhecimentos. Agricultura, educação, turismo, informática e indústria, mas deixando de parte os grandes. [A ideia é] apostar mais no pequeno e no médio. Sempre que há possibilidade, mandamos pessoas à Índia em formação. A embaixada da Índia, por exemplo, está a enviar entre 65 e 70 alunos à Índia em bolsa do Governo da Índia para diversas áreas. Não pretendemos parar. Queremos criar projectos que permitam que os dois países saiam a ganhar. Fazemos estes apoios com ajuda dos empresários indianos, mas que apelam para que lhes seja prestada mais atenção para que possam continuar a apoiar sem dificuldades. Não estamos a falar de apoio financeiro, mas apoios que facilitem a produção, que ajudem a romper algumas barreiras que dificultam o trabalho diário das empresas. Entre os apoios que prestamos, gostaria também de destacar que estamos a criar uma equipa de cricket (a Índia é a número um no mundo), então queremos criar uma equipa que um dia possa ir à Índia jogar.


Quantos membros tem a associação?

Os membros fundadores são 25 pessoas, todos empresários. Não só os indianos, mas também pessoas de outras nacionalidades, mas que tenham origem indiana. Todavia, 99,9% dos membros são indianos. Para fazer parte de uma associação como esta, as pessoas têm de ter tempo. Têm de estar disponíveis para tirar tempo do seu tempo de trabalho para servir o povo, sem terem de ser forçados. Todos os dias pensamos na forma mínima, não máxima porque as condições não são muito favoráveis para ajudar as pessoas sem cobrar. 


Disse que os empresários apelam por mais apoios e descartou os de natureza financeira. Fala de apoios que ajudem a romper barreiras. A que barreiras se refere?

Não precisamos de apoio financeiro, como disse, ajudamos dentro das nossas possibilidades, mesmo o mínimo possível.  A Fábrica de Leite Gulkis é de um indiano e deu 250 mil dólares para a construção de duas escolas. A associação está a fazer, mas muitos empresários indianos também estão a fazer de forma individual. A Angomart fez uma grande escola em Saurimo, por exemplo.

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