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Reformas na Sonangol criam áreas independentes de negócios

REESTRUTURAÇÃO. Modelo empresarial da petrolífera nacional deverá ser totalmente transfigurado, dando lugar a áreas independentes de negócios.

Os resultados do processo de reestruturação da Sonangol poderão ser divulgados no final deste mês. Fim de Março é a data estimada para a conclusão dos trabalhos do comité que foi criado com a intenção de aumentar a eficiência do sector petrolífero.

Enquanto os resultados permanecem no ´segredo dos deuses´, alguns círculos ligados aos petróleos arriscam-se a vaticinar sobre o que poderá ser o desfecho do processo.

Fontes contactadas pelo VE foram unânimes nem considerar que “o actual modelo empresarial da Sonangol, E.P deverá ser totalmente transfigurado, “dando lugar a áreas independentes de negócios”. O objectivo deverá ser impulsionado com uma recomendação do comité, que vai pôr termo ao estatuto de concessionária dos direitos de exploração de petróleo, em Angola, à Sonangol, E.P.

Em Dezembro, o semanário Nova Gazeta avançava, em primeira mão, que os direitos de concessão de hidrocarbonetos seriam transferidos, até ao final do primeiro trimestre de 2016, para uma nova agência reguladora do sector, de carácter autónomo. A Sonangol ficará assim focada no seu negócio ‘core’, a pesquisa e produção, e, tal como as demais operadoras, sujeita às regras do mercado.

Em relação às subsidiárias nos transportes, banca, logística, distribuição, telecomunicações, imobiliária, saúde, entre outras, prevêem-se dois cenários: “ou assumem uma gestão administrativa e financeira autónoma ou devem ser integradas a outras instituições públicas especializadas na actividade que cada uma das áreas desempenha”, calculam observadores.

O INÍCIO DO CALVÁRIO

O modelo operacional da Sonangol revelou-se ineficiente depois da queda do preço do petróleo, no final de 2014, que pôs a nu a situação interna da petrolífera estatal.

No início de 2015, a empresa anunciou um conjunto de medidas de austeridade que incluíam a revisão de todos os contratos da companhia, passando a pagar apenas metade do valor, sob o argumento de que o preço do petróleo tinha tornado os instrumentos de gestão “irrealistas”.

As mudanças impunham que a Sonangol e as subsidiárias empreendessem “substanciais reduções nos seus respectivos custos de estrutura, custos operacionais e despesas de investimento”. O congelamento dos salários dos funcionários e a revisão de todos os contratos de trabalho entraram nas contas, bem como o “cancelamento de toda a formação de curta duração, seminários, ‘workshops’ e ‘brainstormings’ no exterior”.

Colapso não poupa resultados

Em 2015, “a receita total da Sonangol foi de 2,2 mil milhões de kwanzas, cerca de 34% inferior à receita total de 2014” e o EBITDA “reduziu-se em 45%”, de acordo com um comunicado da companhia, divulgado em Fevereiro.

Já o resultado líquido caiu dos 139,16 mil milhões de kwanzas para 44,148 mil milhões de kwanzas entre 2014 e 2015, representando uma queda de 68,27%. A operadora, segundo dados apurados, tem 8.500 trabalhadores e mais 4.500 de contratação de serviços. As subsidiárias Sonangol Pesquisa e Produção e a Sonangol Gás Natural apresentaram resultados negativos na ordem dos 3 mil milhões de dólares.