Regresso à telefonia móvel “não é prioridade”
Telecomunicações. Operadora aguarda alienação dos 45% das acções, enquanto decorre avaliação patrimonial da empresa. Entrada do futuro accionista deverá relançar a telefonia móvel.
A evolução da Angola Telecom para a terceira operadora de telefonia móvel “não constitui prioridade imediata”, garantiu o coordenador da comissão de gestão, Eduardo Sebastião, adiantando que o foco está na conclusão do processo de reestruturação que visa tornar a empresa sustentável, com os activos disponíveis.
“Neste momento, a prioridade é terminar a reestruturação e tornar a empresa, com os activos que tem, sustentável. Essa é a prioridade número um, depois é que vem a operação da telefonia móvel”, sublinhou.
Embora o investimento para o arranque da operadora móvel venha a ser determinado com o futuro parceiro, Eduardo Sebastião estima entre 200 e 400 milhões de dólares a despesa necessária para a operação.
Relativamente à privatização de 45% da companhia estatal, Eduardo Sebastião não precisou ainda quanto o Estado deverá embolsar, justificando-se com a avaliação patrimonial da empresa que está a ser feita por uma empresa especializada, estando os potenciais investidores a aguardar por informação. É, aliás, com o valor da alienação de parte da operadora que a sua actual gestão espera aplicar no relançamento da telefonia móvel.
Eduardo Sebastião colocou a dívida para com a empresa acima dos 10 mil milhões de kwanzas, recordando que, entre os devedores, se destacam instituições e empresas públicas e privadas, além de clientes singulares. Paralelamente ao esforço de cobrança da dívida, o gestor coloca, entre as prioridades, a redução dos custos operacionais, estimados em 130% acima das receitas, com a meta de redução a ser projectada num rácio de 70% até ao fim do ano.
A Angola Telecom possui várias participações em outras empresas, como a TV Cabo (50%), Multitel (30%), Angola Cable (51%) e Movicel (18%). Negócios que, no âmbito da reestruturação, vão ser “mantidos e potenciados”, de modo que possam gerar mais-valia para a empresa, segundo esclareceram Eduardo Sebastião, que descartou qualquer possibilidade de terminar com essas participações.
Nos últimos oito anos, a Angola Telecom registou uma queda na carteira de clientes na ordem dos 75%, passando de 200 para 50 mil, segundo dados recentemente revelados, ao VALOR, por Bartolomeu Pereira, director comercial da operadora pública.
A perda de mercado, segundo o gestor, é justificada pelo “fenómeno global ao nível de mercados de telecomunicações”, com destaque para a retracção e a falta de utilização da telefonia fixa, o que leva a empresa a preparar-se também para a oferta de serviços integrados, “no sentido de resgatar os clientes”.
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