IMOBILIÁRIO. Aumento da inflação elevou a renda dos imóveis, apesar da estagnação das vendas. Apima leva proposta à mesa do Executivo para tentar salvar o sector.

os últimos seis meses deste ano, a renda dos imóveis registou uma subida de 30% enquanto as vendas continuam estagnadas em consequência da crescente inflação que, consequentemente, aumentou as taxas de juros. Os dados são avançados ao Valor Económico pelo presidente interino da Associação de Profissionais Imobiliários de Angola (Apima), Cleber Corrêa.

“Desde 2015, não há construções novas. Porque, com a inflação alta, as pessoas não conseguem aceder ao crédito e o promotor imobiliário não constrói porque não terá a quem vender”, descreve.

O líder associativo antevê um cenário cada vez mais “dramático” nos próximos anos na eventualidade de o Estado não tomar medidas que visam salvar o sector que ‘engatinha’ desde o início da crise económica. “Hoje é mais interessante comprar título público, que dá uma remuneração de 25% do que comprar uma casa para arrendar”, observa, explicando que, dentro de quatro a cinco anos, poderá “não haver imóveis novos no mercado e as rendas vão subir”.

A Apima apresentou, entretanto, em Julho, depois de já o ter feito há um ano, um conjunto de propostas que podem salvar o sector no intervalo de quatro anos. As propsotas foram apresentadas ao ministro de Estado para a Coordenação Económica e a mais outros 11 ministros e passam pela autorização do Estado aos bancos para que passem a usar 2% dos 22% de movimentos bancários depositados obrigatoriamente no Banco Nacional de Angola para financiar imóveis sociais. “Se o Estado autorizasse os bancos a usarem 2% desse valor, que é muito dinheiro e que só pudesse ser usado pelos bancos para financiar imóvel social (casas e terrenos) com juros de 2,5% para imóveis até 10 mil dólares, 5% para imóveis até 25 mil, e 7,5% para imóveis até 50 mil, esse dinheiro faria uma revolução na economia angolana e criaria um círculo virtuoso que não pararia mais”, lê-se na proposta.

A outra via sugerida para o financiamento do sector passa pela criação de um imposto sobre as movimentações financeiras. Estudos da associação concluem que apenas 3% desses movimenos podem gerar pelo menos 800 milhões de dólares por ano. Finalmente, a Apima aponta o fundo do petróleo como outras das possíveis fontes de financiamento. Com mil milhões de dólares injectados na iniciativa, segundo a agremiação, seriam construídas mais de 160 mil casas sociais.