RESPOSTAS AO GOVERNANTE AFRICANO
Por que razão os africanos e os angolanos, em particular, pelo menos os que podem, abandonam o país? Os angolanos abandonam o país, porque há largos anos que testemunham a morte da esperança, depois de já ter estado moribunda. E, cansados da incompetência de quem os governa, procuram aliviar-se do nojo da insensibilidade, afastando-se o máximo possível do epicentro da insanidade governativa.
Os angolanos abandonam o país, porque sucumbiram à sua própria capacidade de resistir à humilhação de verem parentes e amigos morrerem nos hospitais, por falta de uma siringa, de um balão de soro ou de um simples antipirético para baixar a febre. Como oportunamente nos recorda a médica geral J. Marques num relato pungente, nas redes sociais.
Os angolanos abandonam o país porque, cansados da verborreia sobre os alegados esforços na melhoria da qualidade da educação e do ensino, vêem um sistema cada mais incapaz de oferecer o mínimo de competências que sirvam para enfrentar a competitividade exigida num mundo cada vez mais global.
Os angolanos, particularmente os jovens, abandonam o país, porque dormem e acordam atormentados pelo medo de verem o seu tempo passar sem qualquer hipótese de realização, num país em que apenas menos de 20% da população economicamente activa tem emprego formal.
Os angolanos, particularmente os jovens, abandonam o país, porque testemunham, incrédulos, a retrocessos civilizacionais, no plano das conquistas políticas, enquanto uma casta que se julga eternamente privilegiada se serve de todos os meios imaginários para sequestrar o Estado e travar os avanços democráticos. E, por arrasto, o desejado desenvolvimento.
Os angolanos, sobretudo os jovens, abandonam o país porque, apesar da conversa fiada da meritocracia, estão mais do que esclarecidos que o cartão de militância continua a sobrepor-se a qualquer acervo de competências no acesso às parcas oportunidades que aqui e acolá aparecem.
Os angolanos, com destaque para os jovens, abandonam o país porque sabem que qualquer sujeito sonhador, de pensamento livre e independente, está condenado às vicissitudes da sua própria ousadia no trabalho, nos negócios e até na vida privada.
Os angolanos abandonam o país porque assistem, impávidos, a um discurso político tresloucado contra a corrupção e contra o favoritismo, ao mesmo tempo em que os actores do tal discurso governam e aprovam abertamente projectos em que são os primeiros beneficiários.
Os angolanos abandonam o país, porque desejam a todo custo escapar à insanidade. Definitivamente.
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