‘Salários e despedimentos’ levam ENSCO a tribunal
DESPEDIMENTOS. Trabalhadores da petrolífera britânica ENSCO processam empresa por alegado despedimento ilegal. Primeira audiência, em tribunal, está prevista para hoje.
A ENSCO começa, hoje, a responder em tribunal, acusada de despedimento ilegal de funcionários, entre os quais membros de direcção da comissão sindical da empresa. Há quatro meses, apurou o VALOR, a petrolífera, de origem britânica, despediu mais de 20 trabalhadores por alegadamente terem protestado pela actualização dos salários.
A operadora petrolífera deixou de pagar salários em dólares, no âmbito do programa do Governo de desdolarização da economia, tendo ficado acordado, segundo consultas feitas pelo VALOR, que se pagaria em kwanzas, mas indexados ao dólar, acompanhando o câmbio oficial. Mais de um ano depois, os funcionários não verificaram a indexação, o que os ‘empurrou’ para o protesto, ameaçando com greve.
O então director-geral da empresa, Marcelo Nunes, de nacionalidade brasileira, reagiu aos protestos, solicitando a intervenção da Polícia, nas sondas DS7, DS8 e 190, em Cabinda e Zaire, onde se encontravam trabalhadores reclamantes. Na altura, pelo menos, mais de 100 funcionários tinham sido detidos para interrogatórios, tendo sido libertados horas depois. Os funcionários implicados tinham sido orientados a descolar-se à sede da empresa, em Luanda, com o objectivo de `resolverem a situação por via do diálogo´. Mas, na capital, foram, outra vez, surpreendidos por um aparato de polícias à entrada do escritório da petrolífera.
Meses depois, o diálogo não aconteceu e os salários não foram actualizados. Aliás, a direcção da ENSCO ‘optou’ por despedir todos os membros de direcção da comissão sindical e outros funcionários, solidários com a causa da comissão sindical. A audiência, que começa hoje, não deverá contar com a presença de Marcelo Nunes que regressou ao Brasil, após ter sido demitido do cargo de director-geral da ENSCO.
O VALOR contactou a direcção da empresa, mas não obteve sucesso. A sua representante, identificada apenas por Vanusa, avançou que “a empresa não está a fazer nenhum tipo de declarações sobre o assunto”. O conflito laboral ocorre numa altura em que se ventila a possibilidade de a ENSCO deixar de operar em Angola no próximo ano. Também sobre isso, Vanusa, que é directora dos recursos humanos, recusou-se a dar qualquer informação.
A companhia é das maiores no ramo de perfuração de poços de petróleo e gás ‘offshore’ no mercado nacional e internacional e fornece as suas plataformas de perfuração e equipas ao abrigo de contratos com grandes empresas internacionais. Em Angola, tem contratos com a BP (British Petroleum), Total, Chevron e Sonangol. A multinacional é de origem britânica, mas está sediada na cidade norte-americana de Houston, Estado do Texas.
JLo do lado errado da história