Satec e Alassola ‘travadas’ por falta de matéria-prima
INDÚSTRIA TÊXTIL. Falta de algodão e produtos químicos determinam adiamento, mais uma vez, do arranque da Satec e Alassola. Nova previsão é Setembro próximo.
Das três unidades têxteis, Textang II, em Luanda, Satec, no Kwanza-Norte, e Alassola, em Benguela, que, em Março deste ano, anunciaram o arranque para Julho passado, apenas a primeira cumpriu o prazo. As outras não avançaram por falta de matéria-prima, segundo adiantou ao VALOR, o administrador da Satec, Salvador Cardoso.
“A falta de algodão e de alguns produtos químicos adiaram mais uma vez o arranque da Satec e da Alassola”, precisou o gestor que aponta finais de Setembro como a nova previsão para o arranque das duas unidades. “Foram feitas encomendas, mas, até agora não entram, pelas dificuldades de importação”, esclareceu Salvador Cardoso.
Esta não é, entretanto, a primeira vez que se avançam datas e que não são cumpridas. A fábrica de Benguela, por exemplo, inicialmente tinha o arranque previsto para 2015, mas foi adiado para Julho deste ano e agora para Setembro.
As três unidades foram financiadas por uma linha de financiamento do Banco de Cooperação Internacional do Japão, sendo 410 milhões de dólares para a Satec, 235 milhões para Textang II, e 480 milhões de dólares para a Alassola. O Governo intermediou a operação que pretende “revitalizar” uma indústria que ficou paralisada por mais de 15 anos.
Há três meses, os presidentes dos conselhos de administração das unidades fabris já haviam colocado, no topo da lista de dificuldades, a aquisição da matéria-prima. As três unidades vão depender em 100% das importações, já que os projectos de produção de algodão em grande escala, no país, ainda não saíram do papel. Mas alguns produtos químicos para a decoração de tecidos também condicionam o arranque.
A SATEC prevê empegar 1500 pessoas e, na luta por uma vaga, há os oportunistas. Fora do circuito normal, há quem cobre entre 30 e 50 mil kwanzas por uma vaga, de acordo com vários relatos que chegaram ao VALOR, no Kwanza-Note. O administrador da empresa, Salvador Cardoso, afirma desconhecer este circuito.
ESPERANÇA NO KWANZA-SUL
É na província do Kwanza-Sul onde vai ser feito o maior investimento de cultivo de algodão, a partir de Janeiro de 2017, com uma primeira colheita de 5.648 toneladas de algodão de caroço.
O projecto foi financiado pelos governos de Angola, através do Ministério da Agricultura, e da Coreia do Sul, através de uma linha de crédito, estando orçado em mais de 66,9 milhões de dólares.
Os dois governos contribuíram em partes iguais para o financiamento do projecto que conta com uma área de cultivo de cinco mil hectares.
O algodão produzido constituirá a matéria-prima da indústria têxtil do país. Mas, enquanto os resultados não chegam, a solução será a importação.
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