Sindicalismo retrocedeu desde 2017
Francisco Jacinto, secretário-geral da Central Geral dos Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), dividiu, nesta terça-feira, em entrevista à Essencial, o sindicalismo angolano em três períodos e disse que o país vive, desde 2017, o último período, marcado por dificuldades que contribuem para o retroceder da actividade sindical em Angola.
“De 2017 para aqui, não se reconheceu nenhum sindicato. Muitos sindicatos foram constituídos, mas até hoje o Ministério da Justiça não publica o estatuto no Diário da República”, afirmou, estimando que o primeiro período terminou vigorou entre 1975 e 1991.
Olhando para o contexto social, Francisco Jacinto disse não compreender como, passados 47 anos desde a independência, o país continuar a debater-se com os mesmos problemas que incentivaram a luta pela Independência.
“Os constrangimentos que nos levaram à causa da Independência são os mesmos: o acesso à energia eléctrica, o acesso à água potável, a falta de condições nos hospitais…”, lembra, mostrando-se apologista da máxima “todo o conflito tem como base a falta de diálogo”.
O sindicalista revela-se também solidário e apoia a greve dos médicos e dos professores e acusa os ministérios de serem “arrogantes ou incompetentes” por não quererem dialogar com os médicos ou com os outros profissionais que optem por greves para exigir melhores condições de trabalho. No entanto, admite que o Governo não vai atender a todos os pontos do caderno reivindicativo do dia para a noite, daí que apelo ao diálogo e à negociação entre os ministérios e os sindicatos.
O sindicalista revelou ainda, durante a entrevista, que foi um “acérrimo” apoiante das ideias de João Lourenço, no início do mandato, mas teve de mudar de opinião, porque acredita que o PR tem estado a trabalhar com pessoas que o “impossibilitam” de cumprir com os pronunciamentos proferidos durante a campanha eleitoral e nos primeiros meses do mandato.
Francisco Jacinto reconhece o papel da CGSILA no processo de actualização da Lei Geral de Trabalho e faz um apelo para a revisão do diploma, “Aprovem a lei no interesse da nação e da classe trabalhadora”.
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