Sobreviver com dívida
A crise que grassa no sector da aviação a nível mundial e que ameaça mudar o panorama da mobilidade aeronáutica como o conhecemos ainda reserva muitos dissabores. Um deles será certamente um re-início de actividade fortemente endividado e que vai condicionar ainda mais a viabilidade das empresas do sector.
Sobreviver à razia empresarial deixada pela pandemia do covid-19, não é para qualquer empresa. No sector da aviação, as maiores e mais reconhecidas companhias do mundo recorreram a pedidos de apoio aos governos para evitar a perda de mão de obra especializada à medida que as restrições vão mantendo aviões em terra e sobretudo para prevenir falências. Mais de 85 mil milhões de USD já foram aprovados para salvar o sector, e algumas companhias como as chinesas China Southern Airlines ou a Air China, a Emirates e a Etihad ainda aguardam por aprovação de valores para o apoio estatal que já foi prometido. Outras como a Alitalia serão nacionalizadas, exemplos há de companhias como a Cathay Pacific que não recebendo um resgate recebem apoio na forma de reduções de impostos, muitas como a TAP ainda se mantêm em dúvida quanto à possibilidade de nacionalização e sobre quanto poderão receber do Estado. A Ryanair, a maior companhia de voos low cost Europeia não pediu apoio estatal e diz que nenhuma outra deveria receber mas já perdeu mais de 35% do seu valor em bolsa.
No entanto, e porque os resgates Estatais chegam na forma de empréstimos, que em muitos casos tardaram, factor que a somar à incerteza sobre quando o sector pode contar com uma retoma e com as previsões a manterem o futuro nublado, muitas companhias fizeram recurso à banca. O peso do endividamento junto da banca comercial e dos mercados, até ao fim deste 2020 negro poderá atingir 50% de um total de divida superior a 120 mil milhões de USD. Mais de 52 mil milhões de USD de recursos a créditos comerciais e capitalização no mercado segundo estimativas da IATA que avisam que a retoma para além de lenta até que os passageiros recuperem a confiança para viajar, será demasiado endividada perigando a operacionalidade das empresas.
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