EMPRESA AGUARDA LICENÇA

SOMEPA arranca com exploração de ouro em 2018

SECTOR EXTRACTIVO. Com a prospecção terminada, empresa público-privada diz-se preparada para avançar dentro de dois anos, num projecto que prevê empregar 200 pessoas.

 

A Sociedade de Metais Preciosos de Angola (SOMEPA) prevê arrancar a exploração de ouro nas minas de Mpopo, no município do Tchipindo, na Huila até 2018, depois de ter concluído a prospeccção que determinou um grande potencial deste recurso, naquela localidade, revelou fonte da empresa.

A empresa que resulta de uma parceria público-privada aguarda apenas pela obtenção da licença de exploração, situação que se pode confirmar durante este ano. Enquanto espera, a empresa avança na aquisição de material para a construção das minas, com destaque para a lavaria. A contratação de pessoal, maioritariamente nacional, também já está em curso. A essas tarefas soma-se a criação de condições infraestruturais na área de Mpopo, como a melhoria das vias de comunicação, a construção da central eléctrica, os acampamentos e outras infraestruturas.

A exploração de ouro nas minas de Mpopo deve ser desenvolvida em várias etapas e na fase mais desenvolvida do projecto estarão criados cerca de 200 empregos directos.

“Os resultados da prospeção mostram-se bastante animadores, já os apresentámos à concessionária nacional. Fizemos também o estudo de impacto ambiental, que foi apresentado à comunidade, onde estará baseada a mina de ouro”, explica a fonte da empresa.

Depois dos cincos anos de prospecção, que determinaram a existência de reservas elevadas de ouro na região da Cassinga, facto conhecido desde a época colonial, a SOMEPA antecipa que o maior desafio da mina passará pela produção de ouro a um preço razoável, “já que a matéria-prima tem mercado assegurado, além de constituir-se num dos mais importantes meios de acumulação de riqueza”.

Contactado pelo VALOR, o director técnico da Ferrangol, José Manuel, afirmou que a empresa concessionária está aberta à formação de parcerias para a exploração de alguns recursos mineiros tal como o ouro, o cobre e o ferro.

Segundo José Manuel, não há exploração industrial de ouro no país, mas existem prospeções em Cabinda e na Huila em fase bem adiantadas, que aguardam pelas licenças de exploração e por mais investimentos para o arranque.

“O ouro é uma importante commodity mineral que pode equiparar-se aos outros recursos mais sonantes como o petróleo em termos de obtenção de receitas”, compara o responsável da concessionária pública, lembrando que as reservas norte-americanas são constituídas em ouro, “geralmente imune a grandes oscilações de preço, como acontece com o petróleo”.

O antigo mapa herdado dos levantamentos geológicos do tempo colonial indica que o ouro pode ser encontrado em Cabinda, Huambo, Huila, Uíge, Bengo, nas Lundas e no Cuanza-Norte.

 

GARIMPO EM CABINDA

Em Cabinda existe, em pequena escala, a exploração anárquica do ouro, feita por cidadãos nacionais e estrangeiros em áreas isoladas da floresta de Mayombe, embora não tenha a proporção da exploração ilegal de diamantes na Lundas, revelou o director técnico da Ferrangol. “As viagens feitas ao local permitiram verificar que boa parte deste recurso sai pela fronteira com o Congo Democrático, o que representa perda de receitas para Angola”, detalha José Manuel.

Segundo alerta, a exploração do ouro, sem as devidas cautelas, pode gerar impactos no ambiente, como deixar a água turva devido à lavagem do cascalho, provocar a erosão ou ainda o desmatamento devido ao abate de árvores.

A Ferrangol é uma empresa pública, tutelada pelo Ministério de Geologia e Minas e detentora dos direitos das concessões de metais, ferro, ouro, manganês e outros não radioativos.