NA TROCA DE IMPORTADOR DE DERIVADOS DE PETRÓLEO

Sonangol esconde termos dos novos contratos

PETRÓLEO. Sonangol não revela os ganhos com a contratação da Glencore Energy UK Limited e da Totsa Total Trading para subistiturem a Vitol e a Trafigura no fornecimento de produtos refinados.

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A Sonangol esconde as vantagens da contratação de duas novas empresas para a importação e fornecimento de combustíveis em substituição da Trafigura e da Vitol, contrariando a expectativa de que terminaria com o monopólio na importação de produtos refinados.

O anúncio dos novos contratos foi feito a 15 de Março e, desde então, o VALOR tentou saber junto da petrolífera a essência dos contratos assinados, bem como as vantagens reais da troca de operadores, mas a Sonangol manteve-se em silêncio, pelo menos, até ao fecho da edição.

A postura da petrolífera defere da imagem de aposta na transparência e troca de informação transmitida nos últimos tempos, sobretudo durante a conferência de imprensa que marcou os primeiros cem dias do novo conselho de administração.

Falta saber se o novo contrato reduz consideravelmente o valor da factura mensal com a importação dos derivados que se estima entre os 130 e os 150 milhões de dólares. Com base num comunicado da Sonangol, o contrato, por tempo determinado (um ano), é a principal vantagem. É uma condicionante para os prestadores esmerarem-se no sentido de verem os contratos renovados.

A Sonangol justificou que “o tipo de procedimento de contratação adoptado derivou da urgência em garantir-se um fornecimento atempado a partir do segundo trimestre de 2018, sem constrangimentos para o mercado interno”, lê-se no comunicado que anunciava a contratação das novas empresas.

O contrato visa a aquisição de 1,2 milhões de toneladas de gasolina, 2,1 milhões de toneladas de gasóleo e 480 mil toneladas de gasóleo de marinha. Angola é o segundo maior produtor da África subsaariana, com cerca de 1,7 milhões de barris de crude por dia, mas a reduzida capacidade de refinação continua a obrigar o país a importar gasóleo e gasolina. Estima-se em cerca de 70% a quantidade de combustível proveniente da importação. As refinarias de Luanda e de Cabinda Gulf Oil Company (CABGOC) contribuem apenas com cerca de 30% que chega à Sonangol.

Seleccionados 14 projectos de refinarias

Por outro lado, a Sonangol anunciou, na semana passada, a selecção das 14 melhores propostas, num total de 28, para a construção das refinarias no Lobito e Cabinda. Os projectos foram submetidos ao Governo para apreciação, recomendação e decisão. Segundo o comunicado, foram seleccionadas sete propostas para cada um dos projectos e está em curso a preparação da fase seguinte do processo onde serão desenvolvidas as actividades de clarificação, ‘due diligence’, discussões e negociações, no período entre Abril e Agosto.

O processo começou no último trimestre de 2017, com um anúncio a convidar empresas interessadas a apresentarem propostas até 31 de Janeiro. Chegaram mais de 60.

Com o objectivo de reduzir o número e tornar viáveis as análises, em Fevereiro, foram apresentadas as primeiras exigências às empresas candidatas: três anos de fecho de contas devidamente auditados, experiência comprovada no ramo de refinação (construção e gestão) e relação com bancos de primeira linha. Foram seleccionadas 28 propostas.