ANGOLA GROWING
Hortência Ribeiro Matos, presidente da Comunidade Women in ESG Africa

“Sustentabilidade para nós é acordar e conseguirmos ultrapassar as chuvas para irmos trabalhar”

06 Dec. 2023 Grande Entrevista

Líder da Comunidade Women in ESG Africa defende que as instituições financeiras devem incentivar as empresas que cumprem com as políticas ambientais, sociais e corporativas (ESG) através da redução da taxa de juros, e com a implementação de outros incentivos. Hortência Matos acredita que com ajuda das mulheres Angola vai cumprir os objectivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas, mas alerta para a tarefa difícil, lembrando que as preocupações angolanas passam por resolver problemas sociais.

“Sustentabilidade para nós  é acordar e conseguirmos ultrapassar as chuvas para irmos trabalhar”

Actualmente fala-se muito do ESG, Angola ratificou o acordo de Paris já há algum tempo. Como analisa a implementação no país?

Nós tivemos o contacto com o relatório voluntário sobre a implementação da sustentabilidade do nosso país, desde da ratificação até a data, e decidimos, com base nisso, criar uma associação sem fins lucrativos para apoiar o Estado angolano, em particular, e os Estados africanos, em especial, na implementação das políticas e desses requisitos. Ficamos preocupados com isso, e também, com esse acordo que Angola ratificou sobre o desenvolvimento sustentável. Diz que é um acordo entre o Estado e os povos, onde tem uma frase de incentivo, que todos devem fazer a sua parte. Todos em conjunto devemos trabalhar em prol da sustentabilidade, não é uma responsabilidade só do Estado, mas sim, de cada uma das partes dos povos. E nós entramos para cumprirmos a nossa parte na qualidade de povo. No entanto, o Estado, como entidade máxima, tem a tutela deste assunto e nós entramos como apoiantes, somos completamente voluntários. Temos consciência que o nosso país não é o único que enfrenta essa dificuldade de implementação, é o nosso continente no geral, então decidimos também abraçar a agenda 2063 da União Africana, o que quer dizer que estamos comprometidas em apoiar, igualmente, os outros Estados africanos para o cumprimento da agenda da União Africana e das Nações Unidas.
De que forma vai ajudar os governos na sua implementação?

Pretendemos actuar no âmbito da literacia, do esclarecimento, porque, hoje em dia, é um tema novo apesar de ter sido proferido pelo então secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, em 2000. Já há 23 anos que se fala neste tema. Na altura, falávamos dos compromissos do milénio que depois evoluiu para o impacto do desenvolvimento sustentável. Pretendemos actuar neste âmbito, de esclarecimento e literacia. Podemos estar numa sala, com muita gente a falar sobre sustentabilidade e muitas pessoas não sabem o que é. Por exemplo, uma empresa, que tenha de implementar painéis solares para a redução da poluição do meio ambiente e diminuição do consumo de energia, basta chegar, marcamos uma reunião e oferecemos uma consultoria de levantamento, porque temos outros parceiros que trabalham connosco.

 Em todas as áreas?

Nas áreas que tivermos limitações, os nossos parceiros entram, fazemos no fundo um ‘check-up’ e depois fazemos o relatório preliminar do que achamos que deve ser implementado para que a empresa seja considerada sustentável. Ou seja, servimos de ponte entre a empresa e as suas necessidades e ainda fazemos o acompanhamento. No final de cada ano, pretendemos emitir o nosso próprio relatório. Disponibilizaremos esses relatórios no nosso site, aos quais o Estado e a ONU poderão ter acesso. Começamos com Angola, vamos para fora e vamos incentivar outras mulheres de outros de África a criarem também esse movimento. Pretendemos ser uma plataforma líder em África sobre o tema da sustentabilidade.

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