PROJECTO-PILOTO ARRANCA EM LUANDA

Taxistas com seguro de saúde

TRANSPORTES. Pelo menos, quatro mil taxistas de Luanda vão poder beneficiar, a partir deste mês, de um plano de saúde, resultado de um convénio entre a Nova Aliança dos Taxistas de Angola e a Ango-Cuba. As outras províncias ficam à espera da disponibilidade das clínicas locais.

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Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA), organização de âmbito nacional que defende os direitos dos taxistas, firmou, no princípio deste mês, um convénio com a clínica Ango-Cuba, com vista a assegurar a saúde dos taxistas, subscritores do pacote, bem como os seus dependentes.

Numa primeira fase, o seguro de saúde vai abranger quatro mil membros, ou seja, os primeiros que se inscreverem, visto que a Nova Aliança tem 18.500 membros registados.

Posteriormente, de acordo com o presidente da ANATA, Geraldo Wanga, o seguro poderá abranger as demais províncias, dependendo da disponibilidade das clínicas locais.

Para a adesão ao Pacote Saúde, os taxistas pagam sete mil kwanzas por mês, para um pacote normal que abrange o taxista, esposa e cinco filhos e, 10 mil kwanzas por mês, para o pacote completo que, além do titular, abrange conjunge, oito filhos e pais.

Os dois pacotes cobrem todas as doenças e até pequenas cirurgias e só em caso de internamento é que o paciente paga um adicional de 2.000 kwanzas diários para a ocupação.

O projecto teve em conta a exposição dos condutores a vários riscos de saúde em que, em muitos casos, o sistema de saúde público “não atende os pacientes com humanismo e dignidade”. “Há duas motivações que nos levaram a pensar neste pacote. A primeira é a falta de cultura de alguns taxistas fazerem consultas de rotina. Por outro lado, quando estão mal e procuram um hospital público encontram muita enchente, é a realidade do país e nós entendemos dar dignidade aos nossos membros e às suas famílias, pagando barato numa clínica com condições”, justifica o presidente da organização.

Projecto com aplausos

Os homens dos ‘azuis e brancos’, como são conhecidos os taxistas, ao VALOR, louvam a ideia da ANATA e esperam que o projecto “não seja de pouca dura”. Um deles, Samuel Kungo, conta que muitos taxistas quando ficam doentes recorrem em primeira instância aos postos médicos do bairro e só depois vão aos centros públicos de saúde”, onde, segundo refere, “o atendimento é caótico”.

Francisco Miguel, há seis anos ao serviço de táxi, pertence ao ‘staff’ ‘100 Melaço’, quer ser um dos primeiros a beneficiar do pacote, por “ser muito barato. Fez as contas e concluiu que, em caso de doença, num agregado de sete pessoas. vai pagar mensalmente 1.000 kwanzas à clínica.

“A actividade de taxi e fastidiosa e propensa a doenças, quem cai nela não encontra a solidariedade do ‘patrão’”, de acordo Francisco Moisés, há cinco anos. “Quem fica doente mais de duas semanas, a relação termina, cada um por si Deus para todos”, afirma, por isso, acrescenta, “a iniciativa é boa, porque vai permitir também fazer consultas de rotina”.

O projecto é apenas um dos passos dos muitos que a ANATA pretende desenvolver para dar dignidade aos seus membros. As inscrições para a adesão ao pacote iniciaram-se a 11 desde mês e decorrem até sábado, nas representações municipais da organização.

Além disso, o presidente da ANATA aposta na profissionalização dos taxistas. Pretende-se, no âmbito deste projecto, a formação fora da escola normal de condução, a atribuição da carteira profissional e a redução do horário de trabalho, das actuais 16 para as oito horas.

O processo já está em análise no Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS) que depois será remetido à Assembleia Nacional. Para o responsável dos taxistas de Angola, a redução do horário de trabalho de 16 horas para as oito diárias “vai permitir o descanso e a redução da sinistralidade nas estradas”, pois, o que acontece é que “o desgaste leva muitos motoristas a falta de controlo no volante, provocando deste modo acidentes”.

A organização calcula que, só em Luanda, circulem 40 mil taxistas, ‘azuis e brancos’, sem contar com os táxis personalizados e os ‘turismos’ que também exercem a mesma actividade. No resto das províncias, estima-se a circulação de mais de 300 mil táxis.

A proposta da Aliança prevê a divisão dos táxis em dois turnos, no período da manhã, das cinco às 14 horas, 20 mil táxis com a chapa de matrícula cor amarela, e no período entre as 14 e as 23 horas, 20 mil táxis com a matrícula cor vermelha.