Taxistas e moto-taxistas na iminência de greve geral
TRANSPORTE. Associações dos operadores de táxi avisaram à Comissão Económica de que a distribuição dos cartões, depois do aumento do preço da gasolina, causaria o caos, mas os governantes não ouviram. Há previsão de paralisação geral a partir da próxima semana.
Taxistas e os moto-taxistas de vários pontos do país tencionam entrar em greve geral na próxima semana na eventualidade de o Governo não entregar a todos operadores os prometidos cartões de abastecimento que lhes permite pagar a gasolina a 160 kwanzas contra os 300 que é praticado.
Em pelo menos três províncias, nomeadamente Huambo, Huíla e Zaire, os operadores do serviço de táxi urbano já começaram a protestar contra o pagamento da gasolina sem a subvenção. No Huambo, a violência policial resultou em cinco mortos e oito feridos, nesta segunda-feira, segundo informação oficial, além da destruição de bens e um autocarro.
Em Luanda, os taxistas também lançam avisos às autoridades a reverem imediatamente a situação e alertam aos passageiros que farão aumento no preço da corrida. Algumas rotas, sobretudo no início da manhã e fim da tarde, já começam a ser encurtadas com o propósito de aumentar o preço da corrida.
O presidente da Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (Anata), Rafael Inácio, refere, em declarações à Rádio Essencial, que foram entregues alguns cartões aos associados, mas o número não chega aos 10%, pelo que solicita a “rápida intervenção das autoridades” por temer que os taxistas paralisem os serviços, ao mesmo tempo que defende que as entregas cubram pelo menos 90% dos taxistas associados.
“Temos reunido constantemente com a comissão, foi-nos prometido que ainda hoje, terça-feira, entregariam os cartões a um bom número de taxistas nos seus respectivos municípios. Estamos a acompanhar milimetricamente para que a distribuição dos cartões seja feita de forma célere para estancar alguns males que tendem a levantar-se”, refere.
Se alguns taxistas já receberam, o mesmo não se pode dizer dos moto-taxistas. O presidente da Associação dos Motoqueiros Transportadores de Angola (Amotrang), Bento Rafael, lamenta o facto de nenhum dos seus associados ter recebido ainda o cartão, mostrando-se “preocupado” com o reduzido número de cartões. Explica que, em conversa com o director provincial de Luanda dos Transportes, ficou a saber que só há 300 cartões para os moto-taxistas, quando a nível do país são mais de 51 mil.
“É um número insignificante. No sábado, o director provincial dos Transportes garantiu que só tem 300 cartões. Se tivermos em conta a franja de 51 mil licenciados, o número é muito pequeno. Estamos a pedir a emissão do cartão de forma rápida para baixar a pressão que estamos a ter”, apelou.
Sob pressão dos associados, Bento Rafael diz que os confrontos entre a Polícia e os operadores de táxi foi “previsível”, tendo antecipado à Comissão Económica numa reunião, mas os governantes garantiram que a distribuição dos cartões seria cumprida integralmente sem caos.
“A situação era previsível. Na reunião que tivemos com a equipa económica, colocámos a situação e garantiram-nos que não haveria problemas porque aqueles que receberem os cartões, depois de alguns dias, deviam ser contemplados com retroativos. A mensagem não chegou a tempo aos motoqueiros”, lamenta.
Na tarde desta terça-feira, 6, o Ministério das Finanças e as diferentes associações de taxistas reuniram-se em decorrência da tensão instalada.
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