PLANO PREVÊ SAÍDA DE CERCA DE 600 TRABALHADORES

Telecom pode atrasar despedimentos

TELECOMUNICAÇÕES. A previsível saída de gestor português da liderança da Angola Telecom vai ter impacto na reestruturação da empresa. Pedro Durão Leitão, nomeado em Maio para gerir comissão da operadora pública, vai a caminho da administração da Caixa Geral de Depósitos, em Portugal.

O plano de despedimento de cerca de 600 trabalhadores da Angola Telecom, em consequência do projecto de reestruturação em curso na empresa, pode ser adiado como resultado da “mais do que provável saída” de Pedro Durão Leitão da liderança da operadora pública, revelaram ao VALOR fontes oficiosas da operadora.

Indicado há cerca de três meses para coordenar a comissão de gestão da Angola Telecom, o gestor português deverá integrar o conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD), o banco comercial luso de capitais públicos, segundo avançava esta semana a imprensa portuguesa. Pedro Leitão não é visto nos escritórios centrais da operadora pública de telecomunicações, em Luanda, desde Julho passado e, esta semana, recusou confirmar ao jornal português ‘Expresso’ a informação de que teria sido convidado por António Domingues, o futuro presidente da CGD, para submeter-se ao crivo do Banco Central Europeu (BCE), a entidade a quem cabe certificar a idoneidade dos membros da administração do banco português.

As fontes do VALOR avançam que a indicação da saída de Pedro Leitão gerou “algum alívio”, entre os trabalhadores da Angola Telecom que acreditam agora “num possível reajuste ou no atraso” do controverso plano de despedimento em massa que poderá mandar para a casa cerca de 600 colaboradores.

Até que sejam tomadas novas decisões pelo Governo, através do Ministério das Telecomunicações, o processo de reestruturação da Angola Telecom passa assim, interinamente, para o comando de Manuel António e Pedro Miguel, ambos membros da comissão de gestão nomeada pelo ministro das Telecomunicações José Carvalho da Rocha, em Maio. Os dois gestores integravam o conselho de administração da empresa, antes de ser substituído pela comissão de gestão, e respondiam, respectivamente, pelos pelouros comercial e financeiro.

A lembrar a reestruturação da Angola Telecom foi determinada por despacho presidencial e prevê, entre outros objectivos, a capitalização da empresa, por via da venda dos seus activos, e a transformação da unidade Infrasat (que garante comunicações via satélite) em sociedade comercial.

Entre os desafios, junta-se a intenção de se implementar o serviço de Televisão Digital Terrestre (TDT), cuja meta passava por chegar a 117 municípios até Junho de 2017, através de um investimento acima dos 300 milhões de dólares. A Angola Telecom passará ainda a actuar como a terceira operadora de telefonia móvel, concorrendo directamente com a Movicel e a Unitel.