Álvaro Moniz, Administrador Executivo do grupo Boa Vida

“Temos casas que, há quatro anos, foram vendidas a 25 a 30 milhões de kwanzas. A mesma casa hoje vendemos 100 a 120 milhões de kwanzas. Houve um aumento de 300%”

08 May. 2024 Grande Entrevista

Optimista perante as medidas governamentais, relacionadas com o imobiliário, o novo líder do grupo Boa Vida acredita que o aviso 9, do BNA, animou o sector e impulsionou o crescimento. No caso do grupo, regastou-se um crescimento 300%. Álvaro Moniz entende que outros promotores que ainda continuam afectados pela crise pelo facto de não terem os imóveis devidamente legalizados. Administrador Executivo do grupo Boa Vida desassocia o sucesso de qualquer aproximação ao poder político.

 

“Temos casas que, há quatro anos, foram vendidas a 25 a 30 milhões de kwanzas. A mesma casa hoje vendemos 100 a  120 milhões de kwanzas. Houve um aumento de 300%”

Em 2022, o Banco Nacional de Angola (BNA) publicou o aviso 9 com a intenção de animar o mercado imobiliário. Já se faz sentir o efeito?

O aviso 9 trouxe uma reforma considerável ao sector imobiliário, porque depois da crise de 2018 e da pandemia, o imobiliário em Angola esteve parado. Boa parte das empresas, em função das várias limitações tanto do ponto de vista das deslocações e económicas, levou a este colapso do sector em Angola. Houve uma paralisação e havia necessidade do Estado, como garante da máquina económica, lançar algum programa que pudesse alavancar novamente o sector que é muito importante, porque cria empregos e abrange outras unidades industriais que geram desenvolvimento. 2022 foi um ano muito importante para a nossa realidade. O aviso 9, numa fase inicial, estabelecia alguns limites de crédito, mas, em função da carência habitacional, fez-se uma actualização e alargou-se os valores limites para solicitação de crédito a particulares. No grupo Boa Vida, em 2022, conseguimos entregar 150 a 200 casas, mas, em 2023, conseguimos entregar mais de 400. Isso é o reflexo das políticas estratégicas que foram lançadas em 2022, do aviso 9. Temos boa parte das casas vendidas a particulares, com excepção de 2024 em que conseguimos realizar algumas vendas institucionais. Temos um número considerável de vendas a instituições colectivas comparativamente com o que foi feito em 2023. Temos mais de cinco mil casas vendidas, mais de 900 entregues em seis condomínios. Vamos ter 21 condomínios. Temos em construção, de uma forma massiva, mais de mil casas e perspectivamos, nos próximos três anos, entregar mais de três mil casas, porque a cidade Boa Vida terá mais de três mil residências. Para este ano, estamos a perspectivar entregar entre 800 a mil casas.

 Mesmo com o cenário económico pouco favorável, existe apetência por imóveis?

Temos vendas institucionais. Quem compra acompanha financeira e fisicamente as obras. Não deixamos de acompanhar as vendas individuais. Independentemente de termos duas formas de comercialização padrão, o que é mais usado é o pagamento de casa por execução. Ou seja, o cliente paga 30 a
 
40% e o restante vai pagando em função da evolução da própria casa. É, por isso, que não temos dificuldades. Existe esta relação financeira e execução física de forma equilibrada e estamos tranquilos quanto aos contratos. Estamos em condições de continuar a acompanhar o cenário de planificação interna do grupo no cumprimento dos prazos e, sobretudo, na entrega das casas.

 O preço dos materiais de construção, segundo dados do INE, terminou o primeiro trimestre a subir mais de 23% e a inflação atinge quase 27%. Qual é a vossa ‘magia’ para o cumprimento dos prazos?

A crise fez-nos criar algumas políticas de auto-suficiência para cada vez mais termos capacidade de darmos resposta a 90% das nossas necessidades de construção. Nos últimos três anos, investimos nas indústrias produtivas do sector imobiliário. Hoje, dependemos menos de importação, boa parte do que temos nas nossas residências vem das nossas fábricas. Temos fábricas de pedras ornamentais, de tinta, que trabalham com madeira, mobília. Estamos a criar estas ramificações para dependermos menos da importação. Quanto ao cenário económico, da mesma forma que foi preocupação do Estado, ao lançar o aviso 9, acreditamos que, nos próximos tempos, tudo vai ser feito para a estabilização cambial do nosso mercado. Aliás, existe uma micro estabilização no primeiro trimestre. Não houve muita desvalorização do kwanza perante o dólar e outras moedas externas. Somos afectados de forma positiva, porque aumenta não só o rendimento, também a capacidade de aquisição, não só de produtos como habitação, de forma geral, para subsistência das populações.

Para ler o artigo completo no Jornal em PDF, faça já a sua assinatura, clicando em ‘Assine já’ no canto superior direito deste site.