ANGOLA GROWING
Francisco Ramos da Cruz, especialista em Relações Internacionais

“Temos chefes de missões diplomáticas que ainda não sabem o que é isso de diplomacia económica”

Especialista em Relações Internacionais avisa que as debilidades que se verificam no controlo das fronteiras retraem o investimento estrangeiro e expõem a economia nacional ao contrabando internacional. Para Francisco Ramos da Cruz, é necessária a definição de prioridades da diplomacia económica, e o estreitamento das relações comerciais entre Angola e os Estados Unidos da América, enquanto se assinala o trigésimo aniversário do reconhecimento do Estado angolano pelos norte-americanos.

“Temos chefes de missões diplomáticas que ainda não sabem o que é isso de diplomacia económica”

Assinalaram-se, a 19 de Maio, os 30 anos do reconhecimento do Estado angolano pelos Estados Unidos da América (EUA) e do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países. Mudou a forma como os EUA olham para Angola?

Sim. Eu penso que o que mudou é essencialmente a desconfiança. Aquele clima de Guerra Fria hoje não existe. Se bem que muitos são apologistas de que a guerra da Rússia com a Ucrânia está a conduzir o mundo a uma segunda Guerra Fria, mas o contexto é completamente diferente, e ainda bem. Hoje, Angola não é inimiga dos EUA. E tem uma boa relação com os grandes contendores, designadamente, EUA e a Rússia, que é um parceiro histórico. Angola continua a promover a paz, a boa vizinhança, a diplomacia e conversações com a generalidade dos países do mundo. Isto é importante, porque não temos inimigos declarados e Angola é reconhecida por isso. Aliás, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) atribuiu ao Presidente João Lourenço o prémio José Aparecido de Oliveira. Quer dizer que há um reconhecimento, no plano internacional, da preponderância do nosso Presidente, sobretudo, do empenho de Angola em causas nobres, designadamente da paz, segurança e desenvolvimento.

E por que é que os presidentes norte-americanos, quando fazem périplos por África, não passam por Angola?

É verdade. Eu penso que o que falta neste momento é continuar a trabalhar e afinar os canais diplomáticos que isso irá ocorrer. Não ocorreu até agora porque não esteve nas prioridades dos presidentes norte-americanos, que tratam da sua agenda com muita antecedência. Por outro lado, nas fases pré-eleições, complica um bocadinho. Porque eles, os presidentes norte-americanos, depois das eleições, têm que andar o país, todo, o que implica andar, praticamente, por um continente inteiro, porque os EUA são um grande continente, digamos assim. Portanto, a prioridade não é externa. Até vimos que o próprio presidente norte-americano não esteve na coroação do Rei Carlos III. Neste momento, o presidente Joe Biden está a diminuir as suas viagens ao exterior.

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