ANGOLA GROWING
ALFREDO BUZA, REITOR DA UNIVERSIDADE DE LUANDA

“Temos de consignar na Constituição a autonomia das universidades”

É contra o programa do Governo de atribuição de 300 bolsas de estudos nas melhores universidades do mundo e defende a revisão do regime remuneratório, para travar a corrida frenética aos diplomas do Ensino Superior e aos cargos de chefia nas instituições públicas e privadas. Alfredo Buza, recém-eleito reitor da Universidade de Luanda, pede celeridade no financiamento de projectos por via do fundo de financiamento à ciência e tecnologia e pede a autonomia da universidade por consagração constitucional. 

 

“Temos de consignar na Constituição a autonomia das universidades”

Por que em Angola há uma correria em busca de formação superior?

Porque o nosso sistema remuneratório é invertido. Ou seja, nós remuneramos melhor quem detém um diploma de técnico superior e remuneramos baixo ou mal alguém que não detém esse diploma. O facto é que, muitas vezes, tem um bom salário alguém que é formado na área X, mas cujo impacto do trabalho é menor em relação, por exemplo, a alguém que está numa barragem a cuidar dos painéis. Ou seja, se formos a ver a importância e utilidade do trabalho que um faz em relação ao outro, o daquele que está na barragem é mais importante, só que, pelo facto de não ser técnico superior, tem um salário muito baixo em relação ao técnico superior que está, na cidade, cujo trabalho não é de grande impacto para a sociedade. Temos que inverter isso. 

Por que as universidades angolanas, sendo produtoras de conhecimento, genericamente não participam na solução dos problemas que afectam a sociedade e as empresas? 

Isso é uma questão de cultura e de influência do lado jurídico. Por exemplo, em outros países, as universidades podem criar empresas. A empresa é gerida pela universidade e participam os estudantes e docentes, que materializam os serviços. Só que, no nosso caso, a lei não permite e, ao não permitir, automaticamente, veta a possibilidade de as universidades prestarem serviços. Estou a falar das instituições públicas, porque as privadas podem fazer isso. É privado, abre a sua empresa que fica ligada à universidade e a oferecer serviços. Nós temos essa dificuldade, porque a legislação nos limita. Temos que rever a legislação. Por outro lado, é uma questão de cultura. As instituições públicas e privadas, quando vão contratar serviços na nossa cultura, olham para os amigos, parentes e pessoas próximas. Dificilmente, vão pedir a uma universidade para esta ou aquela actividade.

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