“Temos de deixar de nos lembrar do camponês apenas em anos eleitorais”
Manifesta “alguma desilusão pelo marasmo em que caiu” a Lactiangol, empresa que liderou durante anos, mas considera positivo o “crescimento da indústria de lacticínios”. Critica o programa de aquisição de viaturas para apoio ao escoamento dos produtos agrícolas e o surgimento de “um grande número das chamadas indústrias de empacotamento”. Evita comentar a tendência de baixa dos preços, por causa do ano atípico, mas é particularmente duro na análise à reforma fiscal.
Passaram-se pouco mais se três anos da venda da Lactiangol, que liderou durante décadas. De lá para cá, qual tem sido a sua trajectória empresarial?
Após a saída da presidência do conselho de administração Lactiangol, pude passar a dedicar-me, a tempo inteiro, a gerir a Agropromotora Angola, empresa de estudos, projectos e investimentos agrícolas e agro-industriais, de que sou director-geral desde a sua fundação.
Nestes últimos anos, tenho focado a minha actividade em três vertentes: consultoria à agricultura familiar; assistência técnica e apoio ao financiamento da agricultura empresarial e, como não poderia deixar de ser, ao estudo, projecto e assessoria à implementação dos investimentos na agro-indústria.
Como avalia o sector em que esteve envolvido durante anos, o dos lacticínios e derivados?
Quanto ao sector do leite, tenho uma opinião que se divide entre um lado positivo, consubstanciado no crescimento da indústria de lacticínios, com o aparecimento de mais operadores na reconstituição do leite e seus derivados, bem como de unidades de produção de queijo e iogurte, com base no leite em natureza. Por outro, sinto alguma desilusão pelo marasmo em que caiu a maior empresa nacional de produção de leite, iogurte e manteiga, a UHT, e o invisível papel dinamizador da AILA (Associação das Indústrias de Lacticínios de Angola), que deveria ser o interlocutor líder do sector junto dos órgãos institucionais, na defesa dos interesses da produção nacional.
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