José Severino, presidente da AIA

Temos de mudar o sistema tributário e adequá-lo ao mercado informal

Líder da AIA prevê eleições mais “soberanas” e que a próxima legislatura seja “promissora”. No entanto, defende que, ao contrário desta legislatura, haja maior concertação social. José Severino crítica a saúde e educação e sugere que sofram um “safanão”. Aconselha o futuro Governo a investir nas universidades privadas para a criação de laboratórios para as ciências exactas. Preconiza uma mudança do sistema tributário nacional para que se adeqúe ao mercado informal com a criação de pequenos corretores.

Temos de mudar o sistema tributário e adequá-lo ao mercado informal

O que espera das eleições gerais?

Vamos ter eleições mais soberanas. O voto dos cidadãos lá fora é um ganho. Se os partidos puderem ter consciência de que, acima dos interesses partidários, estão os interesses nacionais, tenho esperança de que a próxima legislatura seja promissora. Há, de facto, uma maturação que dá essa garantia. Esperamos que os observadores internacionais possam cá estar. Fui representante de José Eduardo dos Santos nas eleições de 1992. Foram eleições muito difíceis, que acabaram por colapsar num novo capítulo de uma guerra que desestruturou o país. Olho com grande expectativa, mas tranquilo, que vamos ter as melhores eleições de sempre.

Já teve acesso aos programas dos partidos?

Não. Sabemos que o MPLA se regula pelo Plano Nacional de Desenvolvimento (PND). Plano que merece abordagem mais pertinente em relação à nossa realidade. Esses planos feitos à distância têm de merecer reajustamentos anuais. Espero que, na próxima legislatura, se olhe mais para a agricultura. Estamos a motivar o relançamento do café robusto, independente daquilo que se está a fazer com o café arábico no planalto central. A minha proposta é que se relance o café robusto em seis províncias: Cabinda, Zaire, Bengo, Cuanza-Sul, Cuanza-Norte e Uíge. Criou-se a percepção de que não era possível fazer café, porque na economia colonial chegámos a produzir 200 mil toneladas e hoje estamos nas quatro mil. Era a força do contratado. O país também evoluiu. Na altura, tínhamos oito milhões de habitantes e hoje temos mais de 30 milhões. É preciso criar condições objectivas para que seja um trabalho digno. Para muita juventude destas regiões, a única possibilidade de emprego é vir para Luanda. Não pode continuar. Luanda já rebentou pelas costuras.

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