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FRANCISCO CARDOSO PEREIRA, EMPRESÁRIO

“Temos um grande défice de estudos sobre o ambiente do mar e vamos aplicando medidas fora do contexto”

Francisco Cardoso Pereira rejeita que haja arrastões com o objectivo de travar novos investimentos e que isso não passa de alarido. Investidor nas pescas, defende que o país não precisa do Planapesca, mas sim de uma maior responsabilidade e organização, bem como menos burocracia. Compreende a falta de apoio da banca, por causa da insegurança provocada pelos investidores e mostra-se crítico dos empresários nacionais.

“Temos um grande  défice de estudos sobre  o ambiente do mar e vamos aplicando  medidas fora do contexto”

O sector das pescas demora a atingir o potencial que se lhe reconhece. O que tem estado a faltar? 

As pescas estão num bom caminho. O problema é também a mudança de gerações e a transição de grupos empresariais que criou um certo problema. Por isso, costumamos ouvir que estão a vir estrangeiros com arrastões para prejudicar. Isso é falso. Temos de ver o que é que fizemos nos anos 80 quando tínhamos um grande fluxo nas pescas. O que é que o sector construiu? Que obras sociais foram feitas no Tômbwa? O que é que os empresários que estavam lá investiram? Nada. No Porto Amboim, tínhamos a Peskwanza. O que é que a Peskwanza desenvolveu? O problema não são os arrastões, não está a haver prejuízo de nada. O que está a acontecer é que o sector está a reorganizar-se. É preciso que nós, os empresários da pesca industrial, apoiemos a pesca artesanal. É necessário que os empresários tenham responsabilidades acrescidas para o desenvolvimento da orla costeira. 


Os arrastões não prejudicam ou não existem arrastões?

Hoje, não se encontra peixe aqui próximo, mas o problema não é o arrasto. As cidades cresceram, o barulho aumentou. Estamos a pescar a partir das 8/9 milhas. O bom peixe encontra-se acima das dez.


Porque é que não chegamos às dez milhas? 

Primeiro, os barcos nacionais não conseguem chegar lá. Segundo, é necessário ter uma lei que permita a pesca com luz. Depois das dez milhas, ou das nove, já encontramos uma profundidade onde o peixe está acima dos 500 metros e é preciso lâmpada para subir. Se o sector decidir aumentar a sequência da pesca, por exemplo, a artesanal que é até X, aumenta um pouco mais, a semi-industrial um pouco mais e a industrial idem, permitirá que tenhamos um peixe de qualidade. Quando não pescamos aqui, alguém pesca. O peixe é uma espécie migratória, migra todos os dias.

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