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ESTUDO APONTA PARA O FIM DESTE SÉCULO

Temperatura da Terra ?vai aumentar até 4,9 graus

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS. Pesquisadores norte-americanos têm como meta impedir que o aquecimento global ultrapasse os dois graus no final do século. E alertam que são necessárias medidas urgentes para evitar que esta previsão duplique.

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O aquecimento do planeta em dois graus até ao final do século, uma meta que é referida como passível de evitar, pode mais do que duplicar, de acordo com uma investigação da Universidade de Washington divulgada recentemente. A comunidade internacional concordou, no chamado Acordo de Paris, combater o aquecimento global (limitando a emissão de gases com efeito de estufa) para que esse aumento de temperatura não ultrapasse os 1,5 graus celsius (e não os dois graus, que era a meta anterior).

No entanto, a investigação agora divulgada considera como muito provável que o planeta exceda essa meta. O estudo usa ferramentas estatísticas as quais indicam que há apenas 5% de probabilidades de a Terra aquecer apenas dois graus ou menos até ao final do século. E a possibilidade de aquecer 1,5 graus ou menos é de 1%.

“A nossa análise mostra que o objectivo dos dois graus é o melhor cenário”, disse o autor principal do trabalho, Adrian Raftery, acrescentando que, para isso, era necessário um grande e sustentado esforço, em todas as frentes, nos próximos 80 anos. Ao contrário, as projecções indicam 90% de hipóteses de que as temperaturas aumentem, neste século, entre dois e 4,9 graus celsius.

“A nossa análise é compatível com estimativas anteriores, mas conclui que as projecções mais optimistas são improváveis de acontecer”, disse Raftery, acrescentando que o planeta está mais perto “da margem” do que as pessoas pensam. Os responsáveis pela investigação trabalharam sobre três cenários de emissões de gases com efeito de estufa e usaram projecções estatísticas sustentadas em 50 anos de dados de países de todo o mundo. E encontraram um valor médio de aquecimento de 3,2 graus até 2100, com 90% de hipóteses de que o aquecimento global seja neste século entre dois e 4,9 graus.

Em vigor desde 2016

Depois de anos de negociações, o acordo para conter o aquecimento global foi aprovado a 12 de Dezembro de 2015 na cimeira climática da ONU em Paris, cidade que lhe deu nome. Entrou em vigor a 4 de Novembro de 2016, 30 dias depois de ter sido ratificado por 55 países que representam, pelo menos, 55% das emissões globais de gases com efeito de estufa. O acordo foi aprovado por representantes de 195 países e, até ao momento, ratificado por 147.

Os Estados Unidos (ainda com a Administração Obama) e a China – dois dos maiores produtores de gases com efeito de estufa – ratificaram o Acordo de Paris em Setembro de 2016.

Acordo de Paris

O Acordo de Paris é um compromisso considerado “histórico” que foi negociado por 195 países com o principal objectivo de conter o aquecimento global do planeta, ao reduzir as emissões de gases com efeito de estufa. A comunidade internacional comprometeu-se a limitar a subida da temperatura bem “abaixo dos dois graus Celsius” e a prosseguir esforços para “limitar o aumento da temperatura a 1,5 graus Celsius” em relação aos níveis pré-industriais.

Todos os países deverão atingir o pico das suas emissões “o mais cedo possível” para que, idealmente, algures na segunda metade deste século, os gases com efeito de estufa e os combustíveis fósseis tenham sido abandonados quase por completo.

Em vez de estabelecer para cada país o que teria de fazer, o acordo determina que cada país deva apresentar, de cinco em cinco anos, planos nacionais com os objectivos a que se propõe cumprir para mitigar as alterações climáticas.