CONSULTORA CESSOU MANDATO

Tesouro dos EUA sem representante em Angola

PARCERIA. Patricia Bacchi ficou cinco anos em Angola, mais dois anos do que o inicialmente previsto. E sentia que havia mais trabalho para fazer.

O Ministério das Finanças está, desde o ano passado, sem uma representante do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, depois de Patricia Bacchi, antiga consultora-residente, ter partido com o termo da comissão de serviço no país, soube o VALOR de fontes próximas às entidades.

Patricia Bacchi, cidadã norte-americana, aportou em Luanda, em 2011, e trabalhou como consultora para a gestão da dívida, na esteira da implementação do acordo Standby do Fundo Monetário Internacional, através do qual Angola recebeu um crédito de 1,4 mil milhões de dólares, para financiar a sua balança de pagamentos e fortalecer as reservas internacionais líquidas.

Tendo as várias missões do FMI constatado a necessidade de uma melhor gestão da dívida angolana, as autoridades angolanas acordaram em trabalhar com o Departamento do Tesouro (o ‘Ministério das Finanças’ dos EUA) por intermédio de uma consultora-residente.

O acordo previa apenas três anos de consultoria, obedecendo a regras do Departamento de Estado dos EUA (o equivalente ao Ministério das Relações Exteriores) que estabelece um máximo de 30 meses para qualquer funcionário público norte-americano em comissão de serviço, num determinado país. “Só os que laboram em projectos de continuidade, como os da USAID, podem chegar a seis anos”, comentou uma fonte do VE que solicitou anonimato por não estar autorizada a falar do assunto.

Segundo a mesma fonte, Patricia Bacchi chegou a acertar com embaixada dos Estados Unidos e, com o aval do governo norte-americano, reuniu a papelada para a renovação do contrato que endereçou ao Departamento do Tesouro. No entanto, esta entidade “recusou que ela permanecesse, embora sensibilizada com as razões evocadas para a continuação da obra. “Já pisámos no risco vermelho, ultrapassámos os prazos de permanência, não vamos transformar isso em norma”, terá respondido o Departamento do Tesouro que se propôs procurar “outra pessoa.” Entretanto, as autoridades norte-americanas não terão encontrado “mais ninguém disponível com o perfil linguístico e currículo para substituir Patricia Bacchi, que, entretanto, partira de volta com a família para Washington DC.

Os “problemas” que Patricia Bacchi terá detectado no Palácio de Vidro na Mutamba e que justificaram a sua tentativa de permanecer em Angola, apesar de ter ultrapassado dois anos sobre o tempo previsto, são desconhecidos. Mas algum do seu trabalhado teve rosto visível. Em 2011, logo no início do seu consulado, orientou um seminário a representantes dos ministérios da Economia, das Finanças e do Planeamento, do Banco Nacional de Angola, do Banco de Poupança e Crédito e da Sonangol, com o tema ‘Gestão do Fluxo de Caixa’ que visava ajudar os agentes do estado a terem “ferramentas que lhes permitissem saber dos recursos que têm à disposição e onde aplicá-los com precisão”, como referiu na altura.