Tribunal ‘culpa’ Rússia pela morte de antigo espião
Rússia é responsável pela morte do antigo espião russo, Alexander Litvinenko, considera o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH), que afirma que o assassinato foi cometido por Andrei Lugovoy e Dmitry Kovtun.
Com esta posição, a Rússia foi condenada a pagar 100 mil euros por danos morais e 22.500 euros pelas custas judiciais a favor da viúva, Marina Litvinenko, lê-se num comunicado citado pela Lusa.
A Reuters recorda que o ex-espião se tinha exilado em solo britânico seis anos antes e foi envenenado com polónio-210 em Londres, em 2006. Ex-KGB, na altura com 43 anos, Litvinenko sofreu durante três semanas com o envenenamento com o elemento radioactivo que acabou por matá-lo.
Conduzido em 2016 pelo Reino Unido, um inquérito considerou que a morte do ex-espião teria sido aprovada pelo presidente Vladimir Putin e que Andrei Lugovoy, antigo guarda-costas do KGB, e Dmitry Kovtun tinham estado envolvidos no assassinato.
O tribunal europeu confirmou as conclusões da investigação britânica e rejeitou o pedido da Rússia para não considerar as provas recolhidas pelo Reino Unido.
A Rússia foi ainda acusada pelo tribunal de falhar no fornecimento dos elementos necessários à avaliação do caso, violando assim a Convenção Europeia dos Direitos Humanos — o artigo 2.º, que garante o direito à vida e do artigo 38.º, que obriga os Estados a fornecerem ao TEDH todos os documentos necessários para a análise do caso.
Na nota, lê-se que “o tribunal deu como provado que o assassinato foi cometido por Lugovoy e Kovtun”.
“A operação complexa e planeada, envolveu a aquisição de um veneno mortal raro, os preparativos da viagem dos dois homens e as repetidas e constantes tentativas de dar veneno, indicam que Litvinenko era o alvo da operação”, acrescentou o tribunal.
O inquérito concluiu que o facto de Litvinenko trabalhar para os serviços secretos britânicos (MI6), as críticas que fez aos serviços de segurança russos e a Vladimir e a ligação do ex-espião a outros dissidentes, são os motivos mais prováveis para o assassinato, noticiou a Sky News.
E a reacção não se fez esperar. A Rússia e os dois homens indiciados sempre rejeitaram qualquer envolvimento na morte de Litvinenko. Esta terça-feira, depois de conhecida a decisão do tribunal europeu, a Rússia disse não a reconhecer.
“Até agora, a investigação não trouxe resultados, então, fazer tais alegações é, pelo menos, infundado. Não estamos prontos para reconhecer uma decisão como esta”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, aos jornalistas. “É improvável que o TEDH tenha os poderes ou a capacidade técnica” para lançar luz sobre este caso, sentenciou.
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