ENTRE ÁFRICA E A EUROPA

Trocas comerciais descem 55%

04 Dec. 2017 António Miguel Mundo

COOPERAÇÃO. Em apenas dois anos, as trocas entre os países dos dois continentes caíram 70 biliões de euros. África do Sul lidera as relações comerciais com o continente europeu com um volume de cerca de 48 mil milhões de dólares. 

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As trocas comerciais entre Africa e União Europeia atingiram um total de 156 biliões de euros, em 2014, tendo descido para 86 biliões no ano passado, cerca de 55%, fruto da queda generalizada dos preços das matérias-primas, as principais componentes das exportações africanas.

Dos 54 países que compõem a União Africana, África do Sul, Marrocos, Argélia e Egipto lideram as trocas comerciais com os 28 países da União Europeia. No ano passado, por exemplo, a Europa importou da África do Sul bens e serviços no valor de 22,9 mil milhões de euros e exportou para este país também cerca de 22,9 mil milhões de euros.

Por sua vez, Marrocos vendeu para a Europa bens e serviços no valor de 20,9 mil milhões de euros e importou o equivalente a 13,7 mil milhões.Os números foram revelados na 5ª Cimeira África/União Europeia, que decorreu na capital da Costa do Marfim, a semana passada.

Mais de 80 chefes de Estado e de Governo participaram no encontro que teve como tema ‘Investir na Juventude para um Futuro Sustentável’. Em Abidjan, foi analisada também a proposta do ‘Plano Marshall’ sobre a criação de um programa Erasmus para jovens empreendedores, avançada pelo presidente do Parlamento Europeu (PE), António Tajani.

A União Europeia prevê investir, pelo menos, 3,4 milhões de euros em África. Energia sustentável e conectividade, para atrair investimentos para a eficiência energética e nas energias limpas, deverão ser áreas prioritárias. Agricultura sustentável, cidades sustentáveis e desenvolvimento pelo digital são também áreas cruciais em que Bruxelas quer captar investimento privado. A primeira cimeira UE-África realizou-se no Egipto, em 2000.

PRINCIPAIS ACORDOS

Estratégia conjunta

A Estratégia Conjunta África-UE foi adoptada em 2007, enquanto canal formal para as relações da União Europeia com os países africanos, tendo sido aprovada pela União Africana e pelas instituições da UE, bem como pelos países africanos e da União Europeia. Esta estratégia é executada por planos de acção periódicos. Em 2014, os países africanos e da UE aprovaram o roteiro para 2014-2017, que fixa cinco grandes prioridades e domínios de acção conjunta.

CORNO DA ÁFRICA

Em 2011, a UE adoptou um Quadro Estratégico para o Corno de África que descreve as medidas a tomar pela UE para ajudar o povo daquela região a alcançar a paz, estabilidade, segurança, prosperidade e a responsabilização de quem os governa. O quadro estratégico levou, entre outras coisas, à elaboração da iniciativa de apoio à resiliência no Corno de África (SHARE) (2012) e o Plano de Acção de Luta contra o Terrorismo para o Corno de África e o Iémen (2013).

GOLFO DA GUINÉ

Os países da região do Golfo da Guiné debatem-se com uma crescente instabilidade devido à falta de controlo sobre as águas costeiras e a própria costa, o que aumenta as actividades criminosas como o tráfico de drogas, de seres humanos, de armas, de diamantes e de medicamentos de contrafacção. A pirataria, roubo de petróleo e pesca ilegal engrossam a lista de crimes na região. Em Março de 2014, foi elaborada uma estratégia para o Golfo da Guiné que descreve a forma como a UE pode ajudar a combater estes problemas.

COMÉRCIO

A UE negociou uma série de Acordos de Parceria Económica (APE) com 48 países da África subsariana, no quadro do Acordo de Cotonu. Estes acordos visam criar uma parceria de comércio e desenvolvimento, com o apoio da ajuda ao desenvolvimento. Os 28 países europeus financiam programas e iniciativas de desenvolvimento de que beneficiam vários países africanos. A maior parte do financiamento provém do Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED), que dispõe de um orçamento de 30,5 mil milhões de euros para o período de 2014-2020.

MIGRAÇÃO

Em Novembro de 2015, a UE e os dirigentes africanos dos países mais afectados pela migração chegaram a acordo sobre o Plano de Acção de Valeta, que compreende 16 medidas concretas para fazer face ao fluxo maciço de migrantes que vão para a Europa. Em Fevereiro de 2017, os dirigentes da UE adoptaram a Declaração de Malta, em que declaravam a intenção de intensificar a cooperação com a Líbia, que é o principal país de onde partem os migrantes para a Europa.

SEGURANÇA

A União Europeia lançou várias missões e operações militares e civis em África, no âmbito da política comum de segurança e defesa (PCSD). Actualmente, há missões da UE destacadas em cinco países: República Centro-Africana, Líbia, Mali, Níger e Somália.

NÚMEROS

Saldos da balança comercial 

Em 2014, cifrou-se em 1,9 mil milhões de euros, favorável ao continente africano. 

Em 2015, foi de 21,6 mil milhões de euros a favor dos europeus. 

Em 2016, fixou-se em 28,5 mil milhões de euros, excedentária para a EU.

Em 2017 (até Agosto), o saldo permanece favorável a EU, rondando os 13,1 mil milhões de euros.