Um cibernegócio com valores mínimos
INTERNET.O cibercafé é um negócio liderado por vietnamitas, em Luanda. Escolhem locais mais estratégicos, como próximo das escolas e vias principais. Boa parte não está legalizada, mas gera emprego a angolanos e a facturação pode chegar aos 50 mil kwanzas diários. O acesso à internet já não é o principal foco, há ainda a venda de material escolar, impressão, digitalização de documentos e fotografia.
Actualmente, os cibercafés não se limitam a ser apenas pequenos locais de pesquisa. Geram empregos a quem entende de informática e alguns chegam a facturar acima dos 50 mil kwanzas diários, um valor que, no entanto, tem vindo a reduzir-se aos 30 mil kwanzas diários, em alguns pontos, devido ao uso de telefones com tecnologias de ponta, aos custos elevados dos materiais, à lentidão da internet por parte do servidor e à crise económica. “Todos estes factores condicionam o aparecimento de clientes”, o que faz com que haja baixa na facturação diária.
Para quem almeja gerir um pequeno negócio, a abertura de um cibercafé pode ser uma boa opção, mas arranjar uma boa localização do espaço é um factor indispensável para se ter sucesso. Dizem os entendidos que os melhores locais são, de preferência, à beira da estrada ou próximo de uma escola, num espaço de 6m2 ou 10m2, desde que possam caber cerca de três computadores. Para se começar o investimento, é necessário um valor mínimo de 700 mil kwanzas, mas que pode atingir um milhão de kwanzas. O valor de uma impressora e copiadora, por exemplo, nas lojas NCR, variam de 14 mil a 80 mil kwanzas. As câmaras fotográficas custam entre 125 mil e 205 mil kwanzas. Já os computadores custam a partir de 200 mil kwanzas, mas todos os preços dependem da marca. No mercado informal, os preços são mais razoáveis.
Os preços de navegação, embora não sejam estipulados por uma entidade reguladora, são quase universais em todos os cibercafés mais comerciais. Por hora, podem pagar-se até 300 kwanzas, o uso de apenas meia hora fica por 150 e os 15 minutos por 75 kwanzas.
O cibercafé da ponte do ‘Zamba 2’, do vietnamita Djime Tran, começou com três computadores há cinco anos. Actualmente, já tem nove computadores. Emprega cinco jovens angolanos que recebem salários entre os 15 mil e os 25 mil kwanzas mensais.
Para abrir o ‘ciber’, Djime Tran teve de pedir dinheiro emprestado a um amigo, cerca de 100 mil kwanzas, para o apetrechamento. Na altura, serviu para comprar três computadores, impressora, copiadora e uma máquina de plastificar. Há quem faça cálculos e consiga concluir que são os vietnamitas que dominam o negócio dos cibercafés. Djime Tran partilha da ideia e afirma mesmo que “cada expatriado domina uma área em Luanda, sendo que os chineses estão com as obras públicas, os malianos em cantinas e os vietnamitas com os cibercafés. Vive em Angola há cinco anos com a família, só depende do rendimento do ‘ciber’ para se sustentar. Paga pelo espaço 60 mil kwanzas, incluindo a casa onde vive. Sente-se preocupado com a crise, pois esta fez com que o número de clientes se reduzisse “consideravelmente”.
Actualmente, adquire os materiais em Luanda para “poupar”. O material mais usado são as impressoras, computadores e copiadoras. Os dias de mais facturação são os úteis, entre segunda e sexta-feira, das 7 horas às 17. Os que estão à beira da estrada ou ao lado das escolas podem fazer 30 mil kwanzas.
Miguel Luamba, de 25 anos, estudante de informática, gere o cibercafé do ‘Zamba 2’, há três anos. Ganha um salário de 25 mil kwanzas, mas começou com 15 mil. Com a evolução do seu rendimento profissional, o salário foi aumentando. Acredita que, apesar do haver vários cibercafés, este ainda é um ramo a investir, porque já não se limitam à navegação, como foi o conceito inicial de ‘ciber’. Hoje, faz digitalização de documentos, impressão, cópias, fotografia e até venda de vários materiais didácticos e não só.
Edmundo de Carvalho é o único funcionário do ‘ciber’ da União dos Escritores Angolanos (UEA), que reabriu há pouco menos de dois meses. Gere e monitoriza o ‘ciber’, que recebe, em média, entre 10 e 20 clientes diários com 11 computadores disponíveis. Frequentam o local estudantes e escritores e clientes com outras profissões, que procuram, entre outros trabalhos, a digitalização de documentos, pesquisas científicas e a navegação nas mais variadas redes sociais. No ‘ciber’, os conteúdos a serem abertos são controlados por Edmundo de Carvalho que não permite a visualização de videos obscenos ou pornografia. Do leque de ‘ciber’, o da UEA é o que menos cobra. Por hora, paga-se 150 kwanzas, meia hora custa 75 kwanzas.
O ‘ciber’ do Instituto Médio Normal de Educação ‘IMNE – Marista’ é mais frequentado por estudantes. Sem especificar os rendimentos e a facturação, a ‘olho nu’, vê-se que há muita movimentação de alunos em pesquisas escolares e utilização das redes sociais.
Nas proximidades do Instituto Medio Industrial de Luanda (IMIL), há apenas um ciber também gerenciado por um vietnamita que vai dando emprego a três angolanos. Em tempo de aulas, atendem, por dia, mais de 20 alunos das 7 às 17 horas. Aos finais de semana, não abrem por falta de clientes, pois são maioritariamente os estudantes que afluem ao estabelecimento e que tem apenas três computadores para a navegação e uma impressora. Tem três trabalhadores. Um recebe um salário de 18 mil kwanzas e que restantes ganham 14 mil.
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