BERKSHIRE HATHAWAY, de Warren Buffet

Um ‘império’ que faria rico qualquer investidor

12 Mar. 2018 Valor Económico Gestão

INVESTIMENTOS. Warren Buffet precisou de 50 anos para transformar uma indústria têxtil, que se encontrava à beira da falência, num enorme conglomerado. Hoje, o preço de cada acção da companhia vale 301,40 dólares contra os 19 dólares na década de 1960. Apesar de ser um investidor que gosta de correr riscos, nem quer ouvir falar nas criptomoedas.

Warren Buffet

Quando, em 1962, Warren Buffet começou a comprar as acções da Berkshire Hathaway, poucos acreditavam que a companhia iria transformar-se no que é hoje: uma ‘holding’ que supervisiona e gere um conjunto de subsidiárias, incluindo empresas ferroviárias, de produção de doces, vendas de jóias, jornais, bem como vários serviços públicos de gás e energia eléctrica, entre outros.

Warren Buffet precisou de sensivelmente 50 anos para transformar uma indústria têxtil, que se encontrava à beira da falência, num enorme conglomerado. Com isso, tornou-se num dos homens mais ricos do mundo e tem sido, desde então, uma referência na área dos investimentos.

Com base no histórico de preços das acções da Berkshire Hathaway, o jornal ‘online’ Business Insider, de origem norte-americana, calcula que quem, há 54 anos, se atrevesse a comprar mil dólares em acções na empresa, teria hoje 16 milhões de dólares, tendo em conta que, em 1964, o preço da acção da companhia era de 19 dólares, sendo hoje de 301,40 dólares.

Segundo o site de negócios, um investidor que tivesse alocado mil dólares por ano em acções de Warren Buffett desde 1964 teria hoje uma fortuna avaliada em 124 milhões de dólares. Tudo começou quando, em 1923, duas empresas de gabarito que actuavam no ramo têxtil decidiram fundir-se.

Trata-se nomeadamente da companhia de Algodão Berkshire, que abriu as portas em 1889, e da Valley Falls, que arrancou em 1839. Enquanto operavam separadamente, as duas companhias localizavam-se, respectivamente, em Massaschusetts e Rhode Island. Após a unificação, contudo, estabeleceu-se que passariam a chamar-se “Berkshire Fine Spinning Associates. Em 1955, quando a empresa completava pouco mais de três décadas de funcionamento, uma nova fusão foi iniciada, dando origem à Berkshire Hathaway.

Dessa vez, houve a participação da Companhia Manufacturada Hathaway, cuja fundação data de 1888, também em Massaschusetts, pelo empresário Horatio Hathaway, que se viu em declínio financeiro após a II Guerra Mundial. Depois da fusão, com o empreendimento sob o controlo de Seabury Stanton, houve um período de melhoria dos negócios, mas esta boa fase deu lugar a demissões em massa e ao encerramento de algumas unidades operacionais.

Em 1962, o empreendedor Warren Buffet decide entrar no negócio e começa, desde então, a comprar acções da empresa fruto da fusão que já completava sete anos. Mesmo com alguns atritos com a família Stanton, Buffet conseguiu adquirir um potencial accionário capaz de modificar o quadro de gestores da companhia e assim exercer o controlo sobre a empresa. Durante cinco anos, Warren Buffet actuou apenas na produção têxtil.

Em 1967, o quadro alterou-se, já que o empreendedor ampliou a sua actuação com a aquisição da seguradora National Indemnity Company. Na década de 1970, a organização conseguiu comprar um percentual do capital da empresa Geico, que, até aos dias de hoje, funciona como uma das maiores fornecedoras de recursos para investimentos do conglomerado. Em meados da década de 1980, os gestores do grupo acharam melhor finalizar as operações têxteis.

BITCOINS, NUNCA!

Se, há 50 anos, Warren Buffet teve a coragem de apostar recursos financeiros numa empresa que estava a um ‘fio’ da falência, hoje o multimilionário mostra-se reservado em relação às famosas bitcoins, uma moeda digital do tipo criptomoeda descentralizada, e que é também a ‘febre’ do momento na área dos investimentos.

“No que diz respeito às criptomoedas, geralmente, digo com quase total certeza de que elas terão um mau fim”, disse recentemente Buffett em entrevista à CNBC. “Entro em complicações com as coisas que conheço. Porque deveria investir em algo que não sei como funciona?”, questionou.

Em 2014, Warren Buffett já se tinha posicionado contra a ideia das criptomoedas. Também à CNBC, afirmava que “eram semelhantes a cheques ou ordens de pagamento, ao passo que são uma forma efectiva de transferência de dinheiro”. “Espero que a bitcoin se torne em algo melhor para se fazer isto (transferência de dinheiro).

A ideia de que há nele um alto valor intrínseco é apenas uma piada para mim”, reforçou. O braço direito de Warren Buffett, o vice-presidente do conselho da Berkshire Hathaway, Charles Munger, concorda com a visão pessimista sobre as criptomoedas, de acordo com a CNBC. “Bitcoin e outras criptomoedas são bolhas”, avisa o gestor, que atribui o interesse dos investidores por moedas digitais ao facto de que “soa vagamente moderno”. “Mas eu não estou entusiasmado”, afirmou.