ANGOLA GROWING
PROJECTO À ESPERA DE AUTORIZAÇÃO DO BNA

UNACA tem 10 milhões kz para abrir sociedade de crédito

FINANCIAMENTO. Confederação de camponeses quer criar uma linha de micro-crédito para reduzir solicitação dos seus membros aos bancos comerciais.

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A Confederação das Associações dos Camponeses e Cooperativas Agropecuária de Angola (UNACA) tem disponíveis dez milhões de kwanzas para a criação da cooperativa de crédito, segundo o presidente da organização, Albano Lussati.

O objectivo da UNACA é criar uma linha de crédito que, além de aumentar as opções de financiamento, deve reduzir as solicitações dos filiados nos bancos comerciais. A cooperativa de crédito, que ainda este ano poderá ser proclamada, encontra-se à espera agora da autorização do Banco Nacional de Angola (BNA).

“O valor para o capital inicial, aquilo que o BNA exige, está disponível. É das cooperativas sem entrada de nenhuma empresa estatal nem privada”, declarou Lussati, referindo-se a “um nível de organização aceitável” das cooperativas. “Fizemos um cadastramento e a província campeã é a Lunda-Norte, que correspondeu muito rapidamente ao apelo”, acrescentou o responsável da UNACA, que vê as demais províncias envolvidas num trabalho de recrutamento e mobilização.

Segundo Lussati, enquanto os bancos comerciais exigem avalistas e outras ‘garantias burocráticas’, na cooperativa de crédito, a ser criada, o principal requisito para o acesso ao micro-financiamento, num máximo de dois milhões de kwanzas, será ser membro da UNACA. “Estamos a criar condições para que a cooperativa tenha uma capacidade para responder às espectativas da própria organização”, declarou. Nesta altura, os associados da UNACA devem aos bancos um valor global de mais de 300 milhões de kwanzas.

E, segundo Lussati, as cooperativas e associações de camponeses de Malanje e Huambo são as “mais rigorosas” em relação aos reembolso dos créditos bancários. Comentando a problemática da seca, o presidente da UNACA afirmou que a estiagem representa a principal ameaça à produção camponesa, impactando negativamente no reembolso dos financiamentos bancários. “Como consequência, os bancos reduzem cada vez mais os empréstimos”, observou Lussati, lamentando, particularmente, o caso dos camponeses do Cunene que recebem crédito e enfrentam, quase anualmente, o problema da estiagem.

Mas o Kwanza-Sul e o Humbo também vivem, com alguma regularidade, o mesmo drama, sendo que, nesta última, houve uma prolongada estiagem na campanha agrícola de 2016/2017.

O representante de camponeses angolanos lamenta o facto de muitos engenheiros agrónomos recusarem a trabalhar no campo, “fechando-se nos gabinetes”. Questiona ainda os dados do Ministério do Comércio que dão conta de que Angola produz apenas 2% dos bens alimentares que consome. “Fazem as projecções a partir dos centros de concentração. Mas há muita produção dos camponeses que não chega, às cidades, porque tem dificuldades de escoamento”, argumenta Lussati.

O responsável apela também aos promotores do sector de distribuição a contactar a UNACA, para a intermediação de fornecimento de produtos do campo, depois de se mostrar “preocupado” com o facto de o número de cooperativas e associações de camponeses de Luanda estar a reduzir, como consequência da ocupação de terras aráveis para construção de projectos habitacionais e outras infra-estruturas.