MARIA DO CARMO NASCIMENTO, À RÁDIO ESSENCIAL

“Vamos para eleições e só aí veremos quem tem peso, ou não”

Assume alguns erros na governação de quase 50 anos, mas descarta responsabilidades do MPLA, com o argumento de que as falhas foram de “alguns indivíduos”. Militante do MPLA e empresária, lidera a Federação das Mulheres Empreendedora, Maria do Carmo Nascimento confessa ficar em choque com a “miséria” que encontra nas ruas de Luanda, mas está convencida de que o Governo tem trabalhado para minimizar os problemas. Em entrevista à Rádio Essencial, republicada neste jornal, a empresária defende o regresso ao país de Isabel dos Santos, sugere um encontro entre João Lourenço e Adalberto Costa Júnior para haver uma “plataforma de entendimento”, confia que a economia está a recuperar e que até há um bom ambiente de negócios, atraente para nacionais e estrangeiros.

“Vamos para eleições e só aí veremos quem tem peso, ou não”

Sente-se uma empreendedora realizada?

Não, ainda me falta alguma coisa para que me sinta realizada. Comecei a empreender em 1990, numa altura em que, nós, as mulheres, não tínhamos noção nenhuma do que era ser empresária ou empreendedora. Criámos a primeira associação de mulheres de negócios de Luanda, porque existia um número muito grande de mulheres a desenvolver essa actividade, mas, de forma dispersa. Depois vimos a necessidade de incentivar as mulheres de outras províncias a criarem também as suas associações provinciais. Fomos criando essas associações, e no final de três anos, aproximadamente, criámos a Federação das Mulheres Empreendedoras de Angola.

Já estava a adivinhar o multipartidarismo e as mudanças estratégicas da governação?

Já se adivinhava, até porque, na altura, tínhamos um sistema de partido único e a economia era mais centralizada, mas, depois, começou-se a programar para tornar a economia mais aberta e nós já estávamos na área de negócios.

O que é que faz, de facto, a federação?

Quando foi criada, aglutinámos as mulheres. É uma federação institucional, porque congrega mulheres de negócios, mas a federação não faz negócios. A primeira actividade formar as mulheres que estavam na área de negócios. Como não tínhamos experiência nenhuma nessa área, fomos nos associando com instituições que nos garantiram a formação. Hoje, a federação continua a manter a seu trabalho como elo com as empresárias, defendendo a mulher na área económica e junto do executivo.

As mulheres precisam ser defendidas na área económica?

Precisam de algum apoio, às vezes. Ainda não temos tudo consolidado, por exemplo, uma das coisas que fazíamos para ajudar as mulheres eram alguns protocolos com os bancos, para ajudar os financiamentos das associadas, negociando taxas de juros mais baixas.

Ainda hoje isso é possível?

Ainda hoje isso é possível. Tivemos protocolos com o Millennium, banco Sol e BPC. Esses protocolos permitiram com que as nossas associadas fizessem os seus negócios, pedissem financiamentos e fosse possível discutir taxas de juros não tao altas. Hoje a situação já e outra.

Para melhor?

Hoje a situação esta a melhorar, agora os bancos fazem os financiamentos directamente com os empresários.

E com taxas de juros favoráveis ou as taxas ainda não são das melhores?

Ainda não das melhores, mas são taxas de juros que servem ao sector empresarial.

As mulheres têm tido oportunidades escassas ou muitas para mostrarem valor?

Algumas, algumas. Diria escassas, nem muitas, mas, para mostrarem o seu valor as mulheres produzem. Vão produzindo alguma coisa, não no certo volume, mas, produzem. Dentro das associações, temos mulheres da área de confecção de roupas, da área da agricultura, outras ainda criam gado.

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