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ex-director da cobalt

Venda de blocos “é desastre do milénio”

Sonangol e a francesa Total assinaram, na segunda-feira, 16, um acordo de compra e venda dos blocos 20 e 21, que custaram, numa primeira fase, 400 milhões de dólares, podendo o negócio atingir valores adicionais de 250 milhões de dólares e, em função dos níveis de produção que forem alcançados, ultrapassar os 750 milhões de dólares, segundo o PCA da petrolífera angolana, Sebastião Martins.

Venda de blocos “é desastre do milénio”
D.R

O ex-director geral da Cobalt, antiga detentora dos activos, apresenta reservas em relação ao negócio, calculando que os termos do contrato favorecem muito a companhia. “É de lamentar que este negócio tenha sido feito nestes termos. Essa despesa será totalmente paga com a produçao do campo Cameia ao fim de cinco anos de produção cerca de 2 mil milhões de barril e 10 TCF de gás. Para a Total é o negócio do século e para Angola o desastre do milénio”, defende.     

Em Abril, o VALOR deu conta que uma das exigências das petrolíferas estava a ser a alteração do modelo contratual do bloco 21, passando do serviço de risco para a partilha de produção. 

Mas o PCA da Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANPG), Paulino Jerónimo garante que o contrato continua a ser de serviço de risco.

Explicação que o ex-director da Cobalt Angola aceita com reservas. 

“Não acredito que seja. A Total entrar num RSA? Essa foi a razão para não entrarem antes” argumentou António Vieira.

De acordo com o PCA da Sonangol, as negociações para se chegar ao acordo levaram “bastante tempo”, considerando-o “importante para trazer desenvolvimento à bacia do Kwanza”. 

A intenção, disse ainda o chairman da Sonangol, tem que ver com a recuperação do dinheiro despendido pela companhia com os dois blocos, cuja participação foi adquirida à norte-americana Cobalt.  

Ao intervir na cerimónia, o PCA da ANPG, Paulino Jerónimo, indicou que, para o bloco 20, está prevista a compra, por parte da Total, de 50% de participação, passando o grupo empreiteiro a ser constituído pela Total como operador, com 50%, pela British Petroleum (BP) (30%) e a Sonangol Pesquisa & Produção (20%).

Quanto ao bloco 21, está prevista a aquisição de 80% de interesse participativo pela Total, passando o grupo empreiteiro a ser constituído pela Total, como operador (80%), e Sonangol Pesquisa & Produção (20%), e, em situação semelhante ao Bloco 20, a petrolífera estatal angolana tornar-se-á operadora.

Com 17 poços de pesquisa e avaliação já perfurados, os Blocos 20 e 21 abrangem várias descobertas, incluindo Cameia, Mavinga, Bicua e Golfinho, em torno dos quais a Total e os seus parceiros irão concentrar os seus esforços para criar e valorizar um pólo de desenvolvimento.

O Bloco 20 está localizado na parte central do offshore da Bacia do Kwanza, com uma lâmina de água que varia entre os 300 e 1.700 metros, enquanto o Bloco 21 se localiza na parte centro-sul também do offshore da mesma bacia do Kwanza, com uma profundidade de entre 1.600 e  1.800 metros.

Fazendo recurso aos dados da Cobalt, António Vieira estima, em termos de reservas, para o Bloco 21, cerca de 1,5 mil milhões de barris e entre 4 e 5 tcf de gás. Para o Bloco 20, cerca de 1.000 milhões de barris e 10 a 15 tcf de gás, lembrando que o gás aparece como um valor adicional, porque, enquanto a Cobalt operava, os blocos não podia monetizá-lo.