A guerra do “futuro” no presente
CIBERNÉTICA. Interpol, maior organização policial internacional, foi a primeira a admitir nunca ter visto algo semelhante. A Kapersky, firma russa de ciber-segurança e fabricante do popular anti-vírus com o mesmo nome, tratou de ir actualizando a opinião pública sobre os estragos do “WannaCry”.
As últimas semanas têm sido de agitação a nível internacional. Da tensão à volta do conflito na Síria às manobras de guerra na Península Coreana,que quase pareciam levar o mundo a um conflito nuclear de proporções insondáveis, eis que o mundo se depara com um novo desenvolvimento de dimensão catastrófica. Especialistas advertem que apenas está no começo.
No essencial, o vírus informático “sequestra” computadores e exige entre 300 e 600 dólares para devolver acesso ao mesmo. O valor vai subindo e se, em três horas, o usuário ou proprietário não fizer o pagamento, o programa malicioso destrói todo o conteúdo do aparelho. Organizações russas e ocidentais foram o alvo principal dos ataques.
O quase insólito dessas invasões reside não apenas na sua proporção em si – mais de 200 mil computadores em, pelo menos, 150 países –, mas na dificuldade em determinar-se os seus autores e o país ou países de origem. Em regra, as agências governamentais e afins são céleres em fazê-lo. Quer se trate de países como a Coreia do Norte ou a China, organizações informais e anarquistas como o ‘Anonymous’ ou outros menos reputados, em questão de horas responsabilizam-se os supostos autores.
A Interpol, a maior organização policial internacional, foi a primeira a admitir nunca ter visto algo semelhante. A Kapersky, firma russa de ciber-segurança fabricante do popular anti-vírus com o mesmonome, tratou de ir actualizando a opinião pública sobre os estragos do “WannaCry”, ao mesmo tempo que manifestava surpresa pela complexa engenharia por trás desse programa malicioso.
Nessa altura, uma rede de hospitais no Reino Unido viu-se impossibilitada de dar alta ou receber novos pacientes porque o seu sistema estava em baixo. Na Itália, a fabricante de automóveis Renault jogou pelo seguro e fechou por completo as suas actividades.
O pânico cresceu ao longo do final de semana quando a polícia federal americana, o FBI, alertou sobre a possibilidade de o vírus se regenerar e piorar os estragos a partir de segunda-feira. Mas postas perante um facto consumado, a essa altura já vários visados haviam optado por pagar a quantia exigida e recuperar o acesso aos seus computadores. Outros não o fizeram e perderam vários gigabytes de informação. O “WannaCry” não estava parabrincadeiras.
Numa altura em que vários países procuravam perceber a dimensão e alcance dessa violência cibernética, o presidente russo, Vladimir Putin, responsabilizou os serviços secretos norte-americanos pelo acontecimento.
Para o estadista, a espionagem estado-unidense propiciou a série de pirataria global porque não soube manter controlo sobre uma ferramenta que os seus especialistas desenvolveram há alguns anos para fins puramente secretos, permitindo o seu vazamento para mãos de criminosos.
Entretanto a Microsoft, maior fabricante de programas informáticos do mundo, admitiu que os autores dos ataques haviam encontrado fragilidades numa versão do seu sistema operativo, o Windows.
Há algum tempo que a firma de Bill Gates disponibilizou actualizações que parecem impedir essa violação, mas, por diferentes razões, milhões de usuários não as descarregaram nos seus computadores.
No ambiente caótico com laivos apocalípticos, os autores dos ataques não são os únicos a colher benefícios. O ataque visou computadores, mas existem relatos de que smartphones topo de gama podem também ser alvos. As acções da BlackBerry, telefone de fabrico canadiano que já liderou o segmento dos smartphones até ser destronado pelo iPhone e pela Samsung, valorizaram 10% na bolsa de Nova Iorque quando a sua fabricante anunciou que os seus aparelhos contêm especificações que identificam e impedem rapidamente o ataque antes que ele ocorra. Há dois anos que a BlackBerry não tinha um desempenho bolsista tão robusto numa única semana.
“WannaCry é apenas a ponta do iceberg”, advertiu a companhia no seu site esta semana, observando que mais ataques poderão acontecer. O cenário,adiantou, deve piorar nos próximos tempos à medida que as grandes empresas de tecnologia fazem progressos num dos maiores desafios da actualdiade, a chamada Internet das Coisas.
Popularizado pela giganteGoogle, o conceito Internet das Coisas refere-se à “transferência” da Internet dos computadores e telefones para os objectos de uso diário na vida de um indivíduo. Na concepção original, esses objectos ganhariam vida com base em comandos de voz ou mesmo mentais. Google, Microsoft, Facebook, Apple, entre outras, já admitiram estar a trabalhar afincadamente nessa inovação.
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A BLACKBERRY advertiu esta semana que o “WannaCry é apenas a ponta do iceberg”, observando que mais ataques poderão acontecer proximamente. O cenário, adiantou, deve piorar nos próximos tempos à medida que as grandes empresas de tecnologia fazem progressos num dos maiores desafios da actualdiade nessa área, a chamada Internet das Coisas.
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