Angola comprou apenas 18 carros por dia no primeiro trimestre
IMPORTAÇÃO. Compras de viaturas no exterior continuam em ‘queda livre’. Compradores históricos registaram baixas superiores a 80%. Ministério dos Transportes foi o maior comprador.
Angola comprou em média, no primeiro trimestre deste ano, 18 carros por dia, quando o ano passado tinha comprado 22 carros e em 2015, 262, avançam dados do Conselho Nacional de Carregadores (CNC) a que o VALOR teve acesso.
A quebra na importação de viaturas vem acontecendo desde os últimos meses de 2014, altura em que o preço do barril do petróleo entrou em ‘queda livre’, colocando dificuldades no acesso às divisas. Em 2015, a importação de veículos, nos primeiros três meses, cifrou-se em 23.615, mas, no ano passado, houve uma quebra significativa, atingindo os 91,2%, com apenas 2.059 viaturas compradas.
Este ano a redução, no período, foi cerca de 21% para 1.624 carros. No caso específico dos chamados compradores históricos (as concessionárias), no primeiro trimestre deste ano, apresentaram quebras em muitos casos superiores a 80%, face ao período homólogo. O grupo Cosal, por exemplo, registou uma baixa de 83,74%, ao importar apenas 40 veículos, contra os 246 do ano passado.
A Auto Zuid viu as compras caírem 74,36% para 30 carros, contra os 117 do ano passado. O Grupo Autostar, que tinha sido o maior importador o ano passado, baixou de categoria e reduziu 62,47% para 182 viaturas este ano, quando, no ano passado tinha importado 485 carros.
O director Comercial da Autostar, Luís Dinis, declarou ao VALOR que, em relação à situação da importação de veículos, “pouco ou nada” foi alterado na empresa desde a quebra do ano passado. “Em nada está diferente do que esteve o ano passado. Estamos até piores. Neste momento, estamos com muitas dificuldades em aceder a divisas para conseguir abrir as cartas de crédito e pagar as viaturas”, adiantou.
No mês passado, o VALOR noticiou que a dívida acumulada das concessionárias e representantes de automóveis da Associação dos Concecionários de Equipamentos de Transporte Rodoviários (ACETRO) para com os fornecedores externos estava estimada em cerca de 180 milhões de dólares. A informação tinha sido avançada pelo presidente da associação, Nuno Borges, que justificou a situação com as dificuldades de transferência de divisas.
Apesar da dívida e da redução nas importações, Nuno Borges previu um crescimento em 2018 de 18,5% do mercado automóvel em alinhamento com expectativas de uma recuperação da economia. Ao contrário do que tem sido costume nos anos anteriores, este ano o maior importador não foi uma empresa privada.
O Ministério dos Transportes liderou a lista dos dez maiores importadores, segundo o CNC. Foram no total 277 viaturas adquiridas, reclamando 17,1% do total importado no trimestre.
Emirados Árabes Unidos em frente
Os Emirados Árabes Unidos lideram a lista da origem dos veículos que entraram em Angola no primeiro trimestre. Foram no total 438, uma quota representativa de 26,97% de carros deste país árabe do Golfo Pérsico.
A China ocupou a segunda posição com 400 unidades, o que representou 24,63% das viaturas desembarcadas. Encabeçaram ainda a lista a Itália, a Coreia do Sul, a Bélgica, Portugal e a África do Sul.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...