AOS ALEGADOS ULTRACONSERVADORES DE MUANGAI
Adalberto Costa Júnior e Isaías Samakuva deixaram-se fotografar sorridentes e com um aperto de mão, na reunião do Comité Permanente da Comissão Política da Unita, esta terça-feira. A mensagem que se precipita do gesto parece óbvia. Aparentemente, os dois terão optado pela conciliação, após os eventos que destaparam o grave distanciamento entre ambos na última semana. Foi por iniciativa própria de cada um? Não é de todo improvável? Terão sido aconselhados para essa aproximação? É possível. O gesto encerra uma verdadeira reconciliação? Não é de todo credível. Porquê? Porque os sinais que denunciam o afastamento de Samakuva, face a Adalberto Costa Júnior, são excessivamente profundos para serem resolvidos com um simples aperto de mão. Basta revisitarmos os factos mais densos que se tornaram públicos em apenas uma semana.
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Samakuva abriu as hostilidades com uma campanha em vários órgãos de comunicação social a contestar vivamente o caminho pelo qual Adalberto Costa Júnior conduz ‘os maninhos’. Criticou os dividendos para a Unita subtraídos da Frente Patriótica Unida; avaliou a actual liderança como sendo incapaz de capitalizar o cansaço dos angolanos e apear o MPLA do poder; acusou dirigentes da Unita de promoverem campanhas de difamação contra si; elogiou a sua relação de amizade com João Lourenço e, por fim, não descartou a hipótese de concorrer novamente à liderança da Unita. Mais um detalhe não menos relevante: a primeira vez em que Samakuva decidiu sair à rua para lançar pesadas críticas à liderança da Unita não foi um dia qualquer. Foi justamente no dia em que Adalberto Costa Júnior juntou os rostos da Frente Patriótica Unida para, mais uma vez, denunciar o Estado autoritário e o caos económico e social para o qual João Lourenço arrastou o país.
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AFINAL NÃO ERA UM MILAGRE, ERA UMA TRAGÉDIA