Banco Mundial diz que mercado de dívida em moeda nacional protege economia
O representante do Banco Mundial em Angola defendeu hoje (25) que um mercado de capital da dívida em moeda angolana ajuda a proteger a economia dos "caprichos" das taxas de câmbio, porque "exige" um sistema financeiro "diversificado, estável e robusto".
Ao falar no ‘workshop’ sobre Mercados de Capitais, em Luanda, o representante do Banco Mundial em Angola, Olivier Lambert, sublinhou que a diversificação do sector financeiro é importante para a economia, porque não se pode confiar somente no sistema bancário para o financiamento da economia real numa altura em que a economia está a atingir um maior nível de sofisticação e exigências.
No domínio do sistema financeiro, referiu, a parceria entre o Governo e o Banco Mundial tem sido concretizada com base numa "relação estreita" com o Banco Nacional de Angola (BNA) há já alguns anos, com duas áreas de actuação relevantes, no caso o sistema de pagamento e o mercado interno de títulos públicos.
Olivier Lambert salientou que o desenvolvimento da economia angolana é importante para região subsariana, tendo em conta o facto de Angola ser, actualmente, a terceira maior economia da África a Sul do Saara, depois da Nigéria e da África do Sul.
"No actual contexto de reformas profundas, o fortalecimento e a dinamização do sector privado é crucial para o desenvolvimento sustentável de Angola e estará no centro do enfoque do novo quadro de parceria do Banco Mundial com o Governo de Angola", garantiu.
O director-geral da Unidade de Gestão da Dívida Pública (UGD) do Ministério das Finanças, Walter da Cruz Pacheco, disse que os alicerces para o desenvolvimento económico no país estão criados, pelo que a aposta recai no potencial interno e no fomento do sector privado.
Segundo Cruz Pacheco, Angola vive um momento "desafiante", pois tem de fazer face ao contexto macroeconómico para mitigar o fenómeno da dívida pública, inflação alta, redução das reservas do BNA e, sobretudo, os níveis básicos de crescimento económico.
Por outro lado, insistiu no resgate da credibilidade das instituições públicas, no combate à corrupção e na abertura da economia ao sector privado e ao investimento.
Ao intervir na sessão, o vice-tesoureiro da Corporação Financeira Internacional (IFC - sigla em inglês), Andrew Cross, entende que as criações das infra-estruturas financeiras são "muito importantes" para obter financiamento.
"Angola precisa de concorrer aos mercados cambiais para responder às exigências locais, devendo criar uma plataforma onde todos podemos cooperar. As consequências serão boas, desde que haja a parceria de quadros nacionais", defendeu.
Andrew Cross considerou os mercados de capitais como "fontes", onde o financiamento local é importante, face a uma desvalorização de uma moeda local, tendo em conta o impacto das populações.
O ‘workshop’ de Mercados de Capitais em Angola é organizado pela Corporação Financeira Internacional (IFC), em colaboração com o ministério das Finanças, BNA, Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) e a Comissão de Mercados de Capitais (CMC).
O evento visa reunir os principais participantes dos mercados de capitais (reguladores, decisores políticos e profissionais do sector privado) para discutir formas de desenvolver o mercado de capitais e de dívida em Angola.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...