Desvalorização do kwanza, “mais cedo ou mais
Uma desvalorização do kwanza, “mais tarde ou mais cedo, terá de acontecer necessariamente para manter a estabilidade das reservas internacionais líquidas”, disse, em Washington, o ministro das Finanças, num segmento não publicado pela agência Bloomberg que, na semana passada, dava conta de declarações de Archer Mangueira que afastavam qualquer cenário de depreciação da moeda nacional.
“Actualmente não é o melhor momento, sob pena de piorar a inflação”, precisou o governante na entrevista à Bloomberg, justificando a possibilidade de desvalorização futura da moeda com a necessidade de se desincentivar as importações, promovendo, por via disso, as exportações, “um dos principais objectivos do Governo”.
As novas declarações de Archer Mangueira surgem na mesma semana em que o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, nas vestes de presidente do MPLA, descartou também qualquer possibilidade de desvalorização do kwanza para já, justificando que as prioridades se concentram nas medidas que sustenham o aumento da inflação e que contribuam para o aumento da diversificação da economia. Os receios do Presidente da República fundam-se no impacto que uma desvalorização do kwanza terá sobre os custos dos principais produtos, maioritariamente importados, e sobre o poder aquisitivo dos consumidores.
O ministro explicou, entretanto, que o Governo leva a cabo um “programa especial para atacar o lado da oferta que tem que ver com o impacto negativo que produziu a escassez de divisas na importação de produtos alimentares e de matérias-primas para a indústria”.
Como constou, o programa traduz-se num conjunto de medidas complementares, que visam atenuar os efeitos secundários da desvalorização, para que o reajuste da taxa cambial não seja uma medida isolada. “O objectivo do Governo é fazer o ajuste cambial tão logo o programa que está a ser gizado esteja em plena fase implementação”, disse Mangueira sem avançar um horizonte temporal.
A taxa de câmbio, de 168 Kwanzas por dólar, em vigor há mais de um ano, é considerada ‘administrativa’, pelo que facto de ser determinada pelo BNA e não resultar das oscilações regulares entre a procura e a oferta. Para manter a taxa de câmbio, o BNA tem sido, entretanto, obrigado a ‘defender’ o kwanza, vendendo moeda externa nos leilões realizados no mercado primário (entre banco central e bancos comerciais). É esse processo de venda que afecta as reservas líquidas e as torna insustentáveis a longo prazo, como várias vezes já admitiu o próprio governador do BNA, Valter Filipe.
Pelas contas das Finanças, o Governo desvalorizou a moeda nacional em “cerca de 165%”, entre Setembro de 2014 e Abril 2016.
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