PREÇOS. Escassez de divisas para fazer face às necessidades de importação e o aumento da liquidez têm influenciado o aumento da inflação. Taxa é a segunda mais alta do continente africano.

O preço de bens e serviços registou um aumento de 10,22 pontos percentuais em Novembro, face ao período homólogo, fixando-se em 28,41%. É a taxa homóloga mais alta dos últimos três anos, que em 2023 e 2022 ficou abaixo dos 20% e em 2021 se estabeleceu em 26,98%. 
A classe ‘alimentação e bebidas não alcoólicas’ foi a que mais contribuiu para o aumento do nível geral de preços com 1,06 pontos percentuais (pp), seguida das classes de ‘bens e serviços diversos’ com 0,12 pp, ‘saúde’ com 0,10 pp e ‘vestuário e calçado’ com 0,08 pp. As restantes classes tiveram contribuições inferiores a 0,08 pontos. 
Em termos mensais, registou uma variação de 1,63%, de Outubro a Novembro, sendo a mais reduzida em comparação aos iguais períodos dos últimos três anos.  
As províncias que registaram maior variação nos preços foram Cabinda com 2,46%, Namibe com 2,38% e Lunda-Norte com 2,17%. Em sentido contrário, as que registaram menor variação nos preços foram Lunda-Sul com 1,34%, Huambo com 1,37% e Malange com 1,41%. 
O aumento generalizado dos preços dos bens e serviços continua a ser desencadeado pela escassez de divisas para suprir as necessidades de importação, sobretudo dos bens alimentares e outros essenciais. Entra também nas contas a quantidade de dinheiro que circula no mercado, tendo atingido em Novembro os 6,103 biliões de kwanzas. Ainda que represente uma ligeira redução comparativamente aos 6,361 biliões de Outubro, ainda está muito acima do total de kwanzas que circulou no mercado nos últimos 13 anos. 
 
Números levantam suspeições 
Os economistas do Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada (Cinvestec) lançam dúvidas aos números do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre a inflação, considerando-os “incongruentes”. 
“Poderá ter-se dado o caso de, sendo a inflação efectiva muito maior, mas existindo um limite máximo no sistema para a variação da inflação, o INE ter andado a empolar a inflação mensal nos meses seguintes, até atingir o valor acumulado das inflações efectivas (alisamento da curva)”, argumentam no recém relatório económico. 
 
Das mais altas no continente  
A inflação no mercado angolano era a segunda maior do continente, pelo menos até esta segunda-feira, 16, superando apenas a da Nigéria com 34,6%. O Egipto é o terceiro país mais inflacionado com 25,5%. O Togo é o que tem a inflação mais baixa (1,3%), seguido das Ilhas Seicheles com 1,34% e da África do Sul com 2,9%.