João Lourenço ‘exige’ mudanças na cooperação entre África e União Europeia
O Chefe de Estado, João Lourenço, defendeu a necessidade de mudança do paradigma do modelo de cooperação, estabelecido no âmbito dos acordos de Cotonou (Benin) entre a União Europeia e o Grupo de Países de África, Caraíbas e Pacíficos.
Ao discursar, hoje (4), na Sessão Plenária do Parlamento Europeu, o Presidente da República apelou à União Europeia para estabelecer, com África, um modelo de cooperação que, a médio e longo prazos, contribua para os países do continente africano terem maior oferta de empregos e oportunidades de negócios para os seus cidadãos.
O estadista afirmou que todos são responsáveis pelo quadro actual dos países do continente, caracterizado por “um clima de conflitos internos, de insegurança, de crises económico-financeira, de terrorismo, de fome e pobreza”, que traz como consequências sucessivas vagas de emigração em direcção à Europa.
Para si, esta é uma situação que a todos envergonha, porquanto é triste e revoltante constatar que hoje a saga se repete, embora numa conjuntura diferente, cerca de seis séculos depois de os filhos de África terem sido levados em condições degradantes nos navios negreiros, para as Américas, onde, na condição de escravos, contribuíram para o florescimento de grandes economias.
Para João Lourenço a Europa só sai a ganhar com uma África capaz de reter os seus filhos no continente, através de uma maior oferta de emprego e de melhores condições de vida, no geral. “Não se trata de mero sonho, mas de algo que pode vir a ser uma realidade, se discutirmos sempre de igual para igual, sem complexo do tipo algum, com realismo e pragmatismo”, referiu.
Na qualidade de Presidente em exercício do órgão para Cooperação no domínio da Política, Defesa e Segurança da SADC, João Lourenço informou que se tem trabalhado em iniciativas tendentes em apoiar os esforços da SADC, CEAC e da CIRGL, na resolução pacífica dos problemas que afectam alguns países da região, com realce para a RDC, República Centro Africana, Sudão do Sul, Lesotho e o Madagáscar.
“Trabalhamos em conjunto com as organizações sub-regionais e também com a União Africana e as Nações Unidas, respeitando sempre a soberania nacional de cada estado, assim como as normas do direito internacional”, apontou.
Lembrou que, no que diz respeito à cooperação entre a União Europeia e o continente africano, se realizou em 2017 a quinta cimeira que abordou, entre outras, as questões de paz e segurança, da boa governação, democracia e direitos humanos, as migrações e as mobilidades dos cidadãos, o investimento e o comércio, o desenvolvimento de capacidades e a criação de empregos.
Nesta cidade, o chefe de Estado angolano prevê encontros com os líderes do parlamento europeu, particularmente com o presidente deste órgão legislativo europeu, António Tijani, e com eurodeputados portugueses.
João Lourenço regressa à França um mês depois da sua primeira visita de Estado, na qualidade de Presidente de Angola, a convite do homólogo gaulês, Emmanuel Macron, acompanhado por 18 membros do Executivo que assinaram vários acordos.
Entre o final de Maio e início de Junho, João Lourenço efectuou visitas oficiais a França e Bélgica, tendo sido já recebido em Bruxelas pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.
O Parlamento Europeu foi criado em 1952 como Assembleia Comum da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) e passou, em 1962, à categoria de Parlamento. As suas primeiras eleições directas tiveram lugar em 1979.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...