“Os dados são um ‘calcanhar de Aquiles” em Angola
Entrevista. Depois de assegurar a cultura do milho de 100 mil agricultores, que integram as cooperativas da Carrinho Agri, em seis províncias, a Viva Seguros tenciona alargar os serviços. Comercializa actualmente o seguro de índice de rendimento, que incide sobre a produtividade agrícola, mas tenciona arrancar também com o seguro de índice climático. Abel Katata defende que a contratação de seguros deveria ser feita em conjunto, entre Governo, agricultores e cooperativas.
Como funciona o seguro agrícola na Viva Seguros?
Nós temos autorização do regulador, a ARSEG, para comercializar o seguro de índice de rendimento desde Outubro de 2023. Começámos a comercializar desde Novembro de 2023 e, no ciclo que terminou em Maio, tivemos aproximadamente 100 mil agricultores assegurados que trabalharam apenas com a cultura do milho. Foi uma fase-piloto, não dá para começar logo com várias culturas. Actualmente, estamos a preparar o segundo ciclo de seguros. Vamos estender as culturas, porque consideramos que foi bem implementado. Estamos prontos para dar este salto. Existem soluções de seguro que têm sido implementadas aqui em Angola e em outros países, que é o seguro do risco directo da colheita, que muitos chamam seguro de índice de rendimento, que é o que actualmente comercializamos, e o seguro de índice climático.
Como é que funciona o índice de rendimento?
É definida uma produtividade média, ou um rendimento médio, de acordo com a zona do agricultor ou de acordo com a fazenda que quer contratar o seguro. Este é calculado através do que tem feito ao longo dos anos, que é o chamado histórico médio de rendimento. Por exemplo, que um agricultor que tem uma média de três toneladas por hectare é definido esse índice como o valor seguro para o ciclo. O índice é diferente do multirisco da colheita. O multirisco cobre danos directos ao longo do ciclo. Se tem uma seca, um incêndio, um excesso de chuva, é avaliado e imediatamente é feita a compensação. Mas no índice de rendimento é diferente. Estão cobertos estes eventos, seca, excesso de chuva, pragas e doenças, inundações e outros, mas a medição é feita no final do ciclo, porque cobrimos esta produtividade de três toneladas. Ao longo do ciclo, por exemplo, o que pode ser de Outubro ou Novembro a Maio, o agricultor pode ter uma chuva, inundação, é registado e também nós conseguimos fazer a medição através dos dados de satélite de chuva, de seca. No final do ciclo, quando ele estiver a fazer a colheita, é feito um processo chamado corte de cultura para aferir o quanto produziu. Temos seguradas três toneladas, se ele produzir duas, há uma diferença de uma tonelada, então a seguradora faz a compensação desse valor.
E quando se regista um excedente?
Na eventualidade de haver catástrofes como secas, o que se avalia depois é se se conseguiu atingir o objectivo das três toneladas, independentemente de haver essas catástrofes. Se conseguiu atingir as três toneladas ou se ultrapassar este número, que está assegurado, não há intervenção da seguradora. O que está coberto são as catástrofes, chuva, seca, ou pragas e doenças. Se for provado que estes itens tiveram influência no rendimento, há compensação. Depois, há algumas exclusões. Não há cobertura por má operação, por má gestão por parte do agricultor, isso não cobrimos. Por exemplo, greves dos trabalhadores que afecta o rendimento, mas isso não cobrimos.
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