“Temos uma Constituição que proíbe terceiros mandatos de forma peremptória, objectiva, definitiva, total”
Na segunda e última parte da entrevista que Adalberto Costa Júnior concedeu à Rádio Essencial, no final do ano passado, o líder da Unita comentou o alegado interesse de João Lourenço em revisar a Constituição, no sentido do alargamento de mandados, e deu garantias de que, caso a questão se coloque, o voto do seu partido será no sentido da expectativa dos angolanos. Adalberto Costa Júnior lembra que a Constituição proíbe de forma “peremptória, definitiva e total, terceiros mandatos e afirma estar à espera do convite do MPLA.
Escreveu um artigo no ‘Observador’, referindo-se ao embondeiro com analogias ao processo prevalecente em Angola. Deu a ideia de que, para deixar cair o embondeiro, é preciso alguma paciência. Mas este tempo é mensurável no caso angolano?
Foi um jogo de palavras bastante bom, porque foi puxar de algum simbolismo, de algum conceito de africanidade em que o embondeiro é associado à sabedoria, ao tempo... O que pretendia foi passado. Milhares de pessoas leram o artigo. Aquele texto não foi feito para os embondeiros com pujança, com capacidade ainda de estarem ligados à terra. Foi um artigo com sentido ético-moral fundamentalmente para dizer que todos nós temos um tempo. E particularmente em política devemos ter a capacidade de reconhecer os nossos limites. Os limites do nossos mandatos. É um debate actual associado às questões democráticas. O poder não deve ser o elemento máximo ao ponto de sujeitar os interesses do país. Tudo deve ser exercido com legitimidade e ponderação. É um artigo bastante bom, sobretudo, para os jovens. Porque tenho particular sensibilidade com os jovens, porque, felizmente, não acompanharam o processo histórico. Sempre que posso partilho. Sou dos que reconhece que os jovens têm mesmo direito a terem sido tão exigentes; têm direito a estarem zangados. Até comigo... Entendo e bem, porque não é normal que um jovem que vive com dificuldades; que tem privações; que não consegue estudar em condições; que até conseguiu estudar mas não tem emprego, que até fez uma formação com muita dedicação, sabe do que fala, mas depois não tem emprego; que até é professor mas vai para a cadeia porque defendeu condições de funcionalidade para os seus alunos... Nós estamos a viver uns absurdos em Angola que é só mesmo aqui.
Mas a questão que se coloca é: como recuperar então a confiança dessas pessoas, desses jovens?
Vamos continuar a trabalhar juntos. Actualizámos os nossos programas e estamos a trabalhar com entusiamo. Acredito neste país, continua a ser um país extraordinário. Veja que, há bocado, estava a ler um artigo sobre as recolhas da AGT. São bilionárias, fruto do diferencial entre o preço de referência do barril do petróleo e o preço do mercado. Mas depois estes valores não estão a vir reconhecidos na prestação de contas. Nós estamos a exigir isso. Porque não gostaríamos de ver de novo um roubo descarado do futuro. Os fundos soberanos não podem estar nos PIMM adaptados aos interesses político partidários. Porque estas são as tais sobrevivências do partido. Estes PIMMS que aí vão sem concursos públicos, simulados, com essas assinaturas de contratação simplificada permanentemente. Isto prejudicou a visita do Presidente de Angola aos Estados Unidos. Tomei conhecimento de que, ao mesmo tempo que o chefe de Estado dizia que aqui há liberdade total, há economia de mercado e tal... depois houve uma conferência com activistas cívicos que foram dizer a verdade.
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