Unitel prestes a comprar 2% do BFA
Os accionistas do BPI voltam a reunir-se esta tarde em assembleia-geral para decidirem a venda de 2% do Banco Fomento Angola (BFA) à Unitel, depois de a reunião magna anterior sobre o mesmo assunto ter sido suspensa.
O encontro decorre pelas 14:30 (hora de Luanda) na Casa da Música, no Porto (Portugal), Na segunda-feira à noite o Banco Nacional de Angola deu 'luz verde' à compra pela operadora angolana Unitel de uma maior participação no BFA e que recebeu a 09 de Dezembro da Unitel 30 milhões de dólares "correspondentes à última parcela do preço da operação de compra e venda de 49,9% do BFA" em 2008.
Estas novas informações deverão hoje ser tidas em conta pelos accionistas na assembleia-geral, depois de a reunião magna de 23 de Novembro ter sido suspensa, por proposta do CaixaBank, tendo então o banco espanhol (maior accionista do BPI, com 45,50%) justificado que queria esperar pela confirmação do Banco Central Europeu (BCE) de que a venda parcial do BFA é suficiente para solucionar o excesso de concentração de riscos do BPI em Angola.
Contudo, a imprensa tem adiantado que a verdadeira razão esteve relacionada com o Caixabank querer pressionar os angolanos a pagarem os dividendos ainda em falta relativos ao BFA.
Foi em Setembro que a administração do BPI, liderada por Artur Santos Silva e Fernando Ulrich, propôs a venda de 2% do BFA à operadora angolana Unitel, numa operação que significa o fim do controlo daquele banco angolano pelo BPI e que foi apresentada como a "única solução" para cumprir as exigências do BCE que obrigam à redução da exposição ao mercado angolano, onde Frankfurt entende que a supervisão bancária não é equivalente à europeia.
A administração do BPI disse que a venda parcial do BFA será feita "no pressuposto que a Unitel, em conjunto com o BFA e o Banco BPI, fará todos os esforços que sejam possíveis, no respeito pelas regras angolanas, para que seja recebido em Lisboa pelo BPI, até 09 de Dezembro de 2016, o valor dos dividendos dos BFA relativos aos exercícios de 2014 e 2015.
Até ao momento, não há informação sobre este assunto específico.
Caso a venda de 2% do BFA à Unitel se concretize, o BPI perderá o controlo da operação em Angola, já que ficará com 48,1% do BFA e a Unitel com 51,9%. Actualmente, o BPI tem 50,1% do BFA e a Unitel 49,9%.
O banco português tem como principais accionistas a Caixabank, que detém cerca de 45,50% do seu capital social, e a angolana Santoro, com 18,6%. Entre os accionistas de referência do BPI contam-se ainda a seguradora Allianz, com 8,4%, a família Violas, com 2,68%, e o Banco BIC, com 2,28%, posição esta que se relaciona com a da Santoro, uma vez que ambas as empresas têm Isabel dos Santos como acionista de referência.
Ainda quanto à venda do BFA, vários pequenos accionistas associados da associação ATM pediram ao presidente da mesa da assembleia-geral que a 'holding' angolana Santoro não vote na venda do BFA porque tem ligações com a Unitel, que irá comprar o BFA, já que ambas são controladas pela empresária Isabel dos Santos.
Dizem ainda que esta venda de 2% do BFA foi proposta pela administração do BPI como contrapartida de, na assembleia-geral de 21 de Setembro, ter sido aprovada a eliminação dos limites aos direitos de voto dos estatutos do banco, o que se verificou com o consentimento da Santoro, que até aí se tinha mostrado contra.
Recordam ainda os pequenos accionistas que o fim dos limites de voto nos estatutos do BPI é uma das condições que o Caixabank colocou para dar continuidade à Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre o BPI, anunciada no início do ano e que agora é sobre 100% do capital social do BPI, pelo que defendem que o banco espanhol também seja deixado de fora da votação.
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