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GOVERNO ACUSA ESTADOS-MEMBROS DE INGERÊNCIA

Venezuela abandona Organização dos Estados Americanos

01 May. 2017 Valor Económico Mundo

CRISE. Processo de retirada oficial da Venezuela da OEA poderá demorar dois anos e custar ao país o pagamento de uma dívida, que tem para com a organização, na ordem dos 8,7 milhões de dólares.

 

A Venezuela decidiu abandonar a Organização de Estados Americanos (OEA), o anúncio foi feito pela ministra venezuelana de Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, deixando claro que o processo da retirada oficial já iniciou.

“Iniciaremos um procedimento que demora 24 meses. A Venezuela não participará em nenhuma actividade em que se pretenda posicionar o intervencionismo e a ingerência de um grupo de países que só procura perturbar a estabilidade e a paz do nosso país”, afirmou a governante.

O anúncio do abandono foi, na sequência de a Organização dos Estados Americanos ter aprovado uma convocação para uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da organização, com o objectivo de analisar a crise política da Venezuela.

Segundo a ministra, há um grupo de países da OEA que pretendem prejudicar o Presidente Nicolás Maduro e a revolução bolivariana.”São acções dirigidas por um grupo de países mercenários da política para restringir o direito ao futuro, do povo da Venezuela, o direito a viver tranquilamente”, frisou.

A OEA aprovou a reunião para debater a Venezuela, com caráter de urgência. A resolução teve 19 votos a favor, 10 contra, quatro abstenções e uma ausência.Votaram a favor a Guiana, Bahamas, Santa Lucia, Argentina, Barbados, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos, Honduras, Guatemala, Jamaica, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai.

Ao finalizar a votação o embaixador permanente da Venezuela na OEA, Samuel Moncada, condenou a realização da reunião extraordinária, para debater sobre assuntos internos venezuelanos, sublinhando que Caracas não aceitará uma “tutelagem” de nenhum organismo. “Não reconhecemos o que se pretende impor. Nós opomo-nos a esta resolução violada e anti-jurídica. Defenderemos a soberania da Venezuela em qualquer circunstância”, afirmou o embaixador venezuelano.

O processo de retirada oficial da Venezuela da OEA poderá demorar dois anos e custar ao país o pagamento de uma dívida, que tem para com a organização, na ordem dos 8,7 milhões de dólares. Entretanto, a economia e a sociedade venezuelanas estão a um passo da rutura, depois de o governo intensificar a perseguição a oposição.

O presidente venezuelano, Nicolas Maduro, é acusado de bloquear iniciativa que pudesse levar à convocação de eleições, como consequência de o Supremo Tribunal publicar as sentenças que removiam a imunidade de deputados de partidos da oposição, acto considerado como usurpação de poderes da Assembleia Nacional.

No Supremo Tribunal é constituído por juízes nomeados directamente pelo presidente Maduro. No seu relatório, a Amnistia Internacional acusa o presidente da Venezuela de uso ilegal do sistema judicial para perseguir a oposição, com o recurso “a detenções arbitrárias por motivos políticos e sem ordem judicial e lançamento de campanhas de difamação contra a oposição na imprensa, bem como o uso da prisão preventiva sem apresentação de queixa.