Aceleração de degelo pode custar triliões de dólares
DERRETIMENTO. Degelo permanente do subsolo ?congelado provocou deslizamentos de terra. Estudo exorta governos ?a cortar emissões de gases de efeito estufa.
A aceleração do degelo do Árctico está a derreter o subsolo congelado sob edifícios e estradas da Sibéria ao Alasca, elevando os níveis dos mares globais e alterando os padrões de temperatura mais ao sul, revelou um estudo internacional na semana passada.
O facto de a região gelada estar a tornar-se mais quente e húmida, o que resulta no derretimento do gelo ao seu redor, pode, segundo o relatório, custar triliões de dólares à economia mundial neste século.
O estudo de 90 cientistas, incluindo especialistas dos Estados Unidos, exortou governos com interesse no Árctico a cortar as emissões de gases de efeito estufa.
“O Árctico está a aquecer mais rápido do que qualquer outra região da Terra, e a tornar-se num meio ambiente mais quente, húmido e variável rapidamente”, de acordo com o relatório, que actualiza descobertas científicas de 2011.
“As emissões crescentes de gases de efeito estufa (resultantes) de actividades humanas são a principal causa subjacente”, escreveram no estudo encomendado pelo Conselho do Árctico, composto por Estados Unidos, Rússia, Canadá, Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia e Islândia.
O degelo do Árctico pode ter custos líquidos cumulativos entre sete triliões e 90 triliões de dólares entre 2010 e 2100, e os danos irão exceder os benefícios, como um acesso mais fácil à exploração de petróleo e gás e ao comércio marítimo, diz o documento.
O período 2011-2015 foi o mais quente desde que os registos começaram a ser feitos em 1900. Segundo o estudo, o gelo marítimo no Oceano Árctico, que encolheu a seu menor índice em 2012, pode desaparecer durante os verões até à década de 2030, mais cedo do que muitas projecções anteriores indicavam.
“O Árctico continua a derreter e vai mais rápido do que se esperava em 2011”, disse Lars-Otto Reiersen, director do Programa de Monitoramento e Avaliação do Árctico (Amap, na sigla em inglês), que preparou o relatório, à Reuters.
Entre os sinais de perigo, o derretimento permanente do subsolo congelado provocou mais deslizamentos de terra no campo de gás russo de Bovanenkovo, na Sibéria. Um calor raro e enchentes de primavera interditaram a estrada que leva aos campos de petróleo de North Slope, no Alasca, durante três semanas em 2015.
A elevação das temperaturas está a ameaçar a subsistência de caçadores indígenas e a afinar o gelo marítimo, vital para espécies selvagens como ursos polares e focas.
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