África quer acesso a reservas internacionais para comprar vacinas
O continente africano quer ter acesso a reservas internacionais para conseguir imunizar a população contra a covid-19, de acordo com o enviado especial da União Africana Donald Kaberuca, na conferência do Financial Times.
Kaberuca sublinhou que o continente está no fim da fila para ter acesso às vacinas e fez uma comparação ao que aconteceu com o VIH e o acesso aos anti-retrovirais. “Quando os anti-retrovirais ficaram disponíveis, os países africanos só tiveram acesso uma década depois. No início desta crise, mesmo em países africanos que tinham dinheiro para comprar testes tiveram imensos problemas por causa do nacionalismo e do proteccionismo. Então, sim, já estamos no final da fila para as vacinas”, declarou Donald Kaberuka.
As declarações do enviado da União Africana para a covid-19 foram feitas durante a conferência do Financial Times sobre África, este ano em formato virtual, num painel sobre a vida no continente após a pandemia.
“Os países europeus, os países ricos, já pré-compraram as vacinas”, apontou, sublinhando a urgência de se “encontrar um mecanismo global” que assegure que África consegue vacinar “a massa crítica necessária para criar imunidade em África”, que, segundo o África CDC, é de 60%.
“O que esperamos e defendemos é que uma pequena parte dos Direitos Especiais de Saque (Special Drawing Rights) seja disponibilizada para ser usada no acesso às vacinas”, sustentou.
“Não acreditamos que as iniciativas internacionais actuais sejam adequadas para nós acedermos às vacinas ao nível que precisamos”, acrescentou, lembrando que estas iniciativas sustentam que “não há problema” se a vacina abranger apenas 20% da população africana.
Os Direitos Especiais de Saque permitem aceder às reservas internacionais dos bancos multilaterais (FMI, Banco Mundial), mas, para isso, é necessário a aprovação dos accionistas (Estados-membros).
BCI fica com edifício do Big One por ordem do Tribunal de...