Cibersegurança Pragmática para médias empresas africanas

31 May. 2025 Opinião


Cada vez mais títulos de imprensa avisam: ataques cibernéticos em ascensão, vazamentos de dados com prejuízos bilionários, empresas reféns de extorsão digital. No Brasil e em toda a África, o cenário é ainda mais desafiador para as médias empresas com uma facturação entre os 10 e os mil milhões de usd, que nem sempre têm orçamento, nem equipas internas dedicadas para tratar destes problemas. 

Cibersegurança Pragmática para médias empresas africanas

 Os modelos tradicionais de operações de segurança pressupõem infra-estruturas caras, centenas de milhares de dólares em software de monitorização, dezenas de analistas 24/7, complexas integrações de ferramentas. A maior parte destas empresas, não tem orçamento para investir neste grau de automação e quadruplicar as equipas de TI.

 Sem um orçamento gigante, as empresas acabam por comprar soluções pontuais como firewall de um fornecedor, Gateway seguro de outro, antivírus de outro… Mas estas ferramentas não falam entre si. O resultado é um bombardeio de milhares de alertas diários, sem priorização nem contexto, com o desperdício de horas enorme e vários pontos cegos sem ser endereçados quando um ataque real se avizinha.

 Em média, as médias empresas têm 2 ou 3 profissionais dedicados à segurança da informação, que acumulam dezenas de outras funções. Encontrar e reter talentos é hoje uma tarefa hercúlea, pois, são disputados a peso de ouro pelo mercado. Sob essa pressão, escalam as equipas para tarefas operacionais, mas não sobra ninguém para investigação forense ou gestão de incidentes.

 Num ataque, minutos de inércia já podem significar quebra de operações, prejuízos em cadeia e danos ao relacionamento com clientes e fornecedores. Enquanto as equipas investigam manualmente logs desconexos, os invasores avançam, roubam dados e exigem resgate, com consequências desastrosas para a reputação das organizações e para as suas finanças.

 As grandes empresas sobrevivem ao labirinto de soluções porque dedicam meses (ou anos) a implantar e treinar equipas. Como as médias empresas não têm esse fôlego, precisam de respostas rápidas, práticas e objectivas. 

 O que as médias empresas realmente precisam não é “mais tela” ou “mais bots”. É inteligência aplicada ao risco: saber onde estão os activos críticos, quem deve receber alerta prioritário, como isolar e conter um incidente antes que ele se transforme em prejuízo. É sobre falar a língua do negócio e não a do laboratório de inovação.

 

O que é que as médias empresas esperam?

• Custo proporcional ao risco, não à promessa de um “SOC de cinema”.

• Operação clara e enxuta, com dashboards objetivos e recomendações práticas.

• Equipas internas pequenas, com apoio de especialistas remotos em incident response e threat hunting.

• Integração plug-and-play de ferramentas fundamentais, sem a necessidade de longas customizações.

• Automação inteligente, para filtrar ruídos e destacar apenas o que ameaça de fato o dia a dia.

 

O futuro da cibersegurança nas médias empresas africanas passa pelas decisões mais rápidas e com menos ego, em vez de coleccionar tecnologia de ponta. Quem ganhará não será quem tem a maior sala de monitorização, mas quem consegue neutralizar ameaças com clareza, simplicidade e foco no que realmente protege reputação, dados e continuidade do negócio. A urgência está muito mais em conseguir dar resposta eficaz, do que, em injetar milhões em plataformas inalcançáveis. A ideia é evoluir para um modelo pragmático, estratégico e, sobretudo, sob medida.